Amor não é se envolver com a pessoa perfeita, aquela dos nossos sonhos. Não existem príncipes nem princesas. Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos. O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser. Leon Tolstoi
Por que em tempos de aplicativos de namoro e redes sociais, por incrível que pareça, está mais difícil encontrar o verdadeiro amor?
Por que ainda não encontrei a minha alma gêmea?
O mundo mudou e isso gerou novas formas de nos relacionarmos com as pessoas. E os relacionamentos amorosos se tornaram muito líquidos.
Hoje, além dos meios convencionais, ainda temos os aplicativos de namoro e as redes sociais, e ao contrário do que se possa pensar, este excesso de opções para conhecer novas pessoas torna os relacionamentos mais difíceis.
Por um lado, somos muito seletivos – buscamos no outro a perfeição que nós não temos. Por outro lado, não valorizamos a pessoa com quem estamos, as pessoas se tornaram descartáveis – porque sempre estamos pensando que vamos encontrar alguém “ainda melhor”.
Devido a esse modo de pensar, as pessoas investem muito pouco nos relacionamentos, têm muitas dúvidas de se está valendo a pena, e qualquer desentendimento é motivo para desistir e começar uma nova busca.
E é com essa mentalidade, de encontrar alguém “ainda melhor”, que não conseguimos encontrar a pessoa que realmente valha a pena.
Apoiar o parceiro/a é fundamental em um relacionamento, já que une e fortalece o vínculo entre os dois. Quando você apoia seu parceiro/a, a autoestima e motivação dele/a se elevam e a pessoa se sente mais confiante para correr atrás dos seus sonhos.
Esse apoio é muito mais do que apenas palavras de incentivo. Na verdade, esse apoio poderia se traduzir na sua participação ativa para ajudar o parceiro/a a alcançar o sucesso, ouvindo seus planos, oferecendo insights, perspectivas diferentes e ajuda quando necessário. Ajude a conquistar o sucesso, comemore muito, mas também esteja junto nos momentos difíceis!
Esta colaboração mútua favorece o crescimento pessoal e profissional de ambos. Ao compartilhar objetivos e sonhos, os parceiros se fortalecem individualmente e acabam criando uma conexão mais profunda e significativa.
O legal disso é que quando você apoia o parceiro/a e é apoiado/a por ele/a o amor cresce e os dois ficam mais felizes. E se os dois estão felizes, o relacionamento vai muito bem, obrigado!
Para criar conexões verdadeiras e duradouras, é essencial demonstrar interesse nas pessoas. O segredo está em fazer isso de maneira natural e respeitosa, sem fazer a pessoa se sentir pressionada ou desconfortável. Aqui algumas dicas:
Seu corpo fala muito sobre suas intenções. Um sorriso sincero, um olhar atento e uma postura receptiva já dizem muito sobre seu interesse genuíno na conversa.
Quando alguém fala, concentre-se verdadeiramente em suas palavras. Faça perguntas que mostrem que você está processando e se interessando pelo que está sendo dito, mas evite um interrogatório.
Cultive curiosidade natural: Todos têm histórias fascinantes para contar. Mostre interesse nas experiências e paixões da outra pessoa, mas permita que ela compartilhe no seu próprio ritmo.
Fique atento aos sinais que a outra pessoa emite. Se perceber que ela está se afastando ou mostrando desconforto, dê espaço.
Relacionamentos significativos se desenvolvem naturalmente. Não tente forçar uma proximidade que ainda não existe.
Quando elogiar, seja sincero.
Entenda que todos têm uma vida própria com compromissos e prioridades. Não exija atenção constante.
É importante lembrar que o interesse precisa ser mútuo. Se você perceber que está sozinho nessa jornada, apenas aceite isso e siga o seu caminho.
Se o encontro for num barzinho ou restaurante, depois de fazerem seus pedidos, pergunte de que tipo de comida a pessoa gosta, bebida, se prefere comer em casa ou na rua.
Pergunte sobre o trabalho da pessoa, o que ela faz exatamente, como é o seu dia a dia e quais são os seus planos pro futuro.
Fale sobre o tempo livre de vocês, pergunte o que a pessoa faz no seu tempo livre e conte também o que você gosta de fazer.
Faça perguntas cuja resposta não seja ‘sim’ ou ‘não’, pergunte como, por que, quando, assim fica mais fácil da conversa evoluir.
Se o assunto acabar não se desespere. Às vezes é normal fazer uma pausa e isso não significa necessariamente que o encontro acabou.
Existe apenas uma chance de se causar uma boa primeira impressão, e nos encontros cara a cara, esse momento pode definir se o relacionamento terá futuro ou não. Não se trata apenas da aparência física, mas de pequenos detalhes que ficam gravados na memória: um sorriso sincero, a maneira única de gesticular durante uma conversa, ou aquela risada espontânea que escapa sem querer.
Nesses primeiros momentos a linguagem corporal é de extrema importância. Um olhar atento durante a conversa, uma postura que demonstra interesse, até mesmo pequenas gentilezas – como segurar a porta para alguém passar – podem criar impressões duradouras. São estes comportamentos naturais que revelam muito mais sobre alguém do que qualquer frase ensaiada.
O cheiro também tem um poder impressionante de criar memórias afetivas. Um perfume marcante, mas não exagerado, pode se tornar uma assinatura pessoal que será lembrada por muito tempo. A roupa também é outro detalhe importante, é preciso cuidar da aparência e caprichar no dia do encontro.
Mas talvez o elemento mais marcante de todos é estar de corpo presente no encontro. Em um mundo onde a distração é constante, alguém que consegue manter uma conversa envolvente, demonstrando interesse real pelo outro e compartilhando histórias interessantes, se destaca naturalmente. Esta autenticidade é magnética e cria o tipo de primeira impressão que não se esquece facilmente.
Você conheceu alguém incrível, a conexão está fluindo naturalmente, mas na hora de dar um passo à frente no relacionamento, aparece aquele frio na barriga e a vontade de fugir fala mais alto. Relaxa, o medo de compromisso é mais comum do que parece e pode ter várias origens: experiências passadas, pressão social, medo de perder a liberdade ou receio de se machucar e não ter certeza se está com a pessoa certa.
Se esse sentimento tem te impedido de viver relações mais profundas, vale a pena refletir. Tá tudo bem sentir esse medo – ele geralmente surge quando percebemos que estamos realmente gostando de alguém. O segredo é não deixar que ele tome conta das suas decisões.
O primeiro passo é identificar de onde vem esse receio. É um trauma antigo? Pressão social? Medo de perder a individualidade? Identificar a raiz já é meio caminho andado.
Depois, mude a perspectiva: comprometer-se não significa perder, mas ganhar cumplicidade, afeto e parceria. Relacionamentos saudáveis agregam à vida, não limitam. Estar junto não significa abrir mão de quem você é, mas construir algo em conjunto.
Uma dica valiosa é ir devagar. Compromisso não significa planejar o casamento no terceiro encontro! São pequenos passos: ser exclusivo, apresentar aos amigos, assumir publicamente. Vá construindo confiança aos poucos.
E claro, converse! Expor seus sentimentos pode aliviar a ansiedade e trazer segurança para a relação.
O mais importante é não se sabotar. O medo é natural, mas não deve te impedir de viver um amor genuíno. Dê uma chance pro amor!
Na tradição judaica, o namoro não existe com fins de entretenimento. Ele é reservado para homens e mulheres que estão, verdadeiramente, procurando sua alma gêmea.
E estamos falando de um “namoro” bem diferente dos que vemos por aí. Isso porque, a Lei Judaica proíbe que o casal fique junto sozinho ou se toque antes do casamento. Assim, o local ideal para os encontros é um espaço público ou semiprivado.
Parece algo radical, não é mesmo? Mas vamos entender por qual motivo D’us determinou que seja assim.
O sagrado livro do Zohar nos diz que, antes do casamento, o homem e a mulher são chamados de “duas metades de um mesmo corpo”, ou seja, são as metades de uma mesma alma.
No momento em que ocorre o matrimônio, essas duas metades se juntam e se transformam em uma só alma.
Sendo assim, no judaísmo, o casamento tem um significado muito profundo. Trata-se de uma união de almas, não uma união de corpos. A união de corpos será uma consequência do reencontro de duas metades de uma mesma alma.
Então, se você deseja saber se determinada pessoa é compatível com a sua personalidade e suas necessidades emocionais particulares, é totalmente errado fazer isso por meio do corpo.
Se a pessoa se apega apenas aos assuntos físicos, só consegue captar o lado exterior do seu parceiro, enquanto a sua alma fica desconhecida.
É por isso que a nossa sagrada Torá proíbe contatos físicos antes do casamento, para que o homem e a mulher entendam que a verdadeira união é feita por meio de uma junção de almas.
O intelecto antes da emoção
Para que o shiduch seja bem-sucedido, a mente precisa exercitar seu julgamento em uma área que, instintivamente, pertence ao coração.
É claro que o coração também deve estar envolvido. Porém, a mente seguindo cegamente o coração pode ser uma receita para o desastre.
Permita-se “apaixonar-se”, mas somente depois que sua alma decidiu que essa pode ser a pessoa certa para você.
Para tomar essa decisão, você precisa conhecer o outro, de verdade. E o casal só se conhece verdadeiramente conversando, procurando entender um ao outro, de forma intelectual e sentimental, não por meio de contato físico.
Sexualidade é uma parte bonita da vida, realmente um presente de D’us. Mas as relações sexuais devem acontecer na hora certa, com a pessoa certa.
D’us é o Engenheiro da humanidade. Foi Ele que nos ordenou sobre o casamento e nos ensinou a forma correta de conduzir isso.
Então, primeiro, é preciso ocorrer a união espiritual (o casamento religioso). Para, na sequência, haver a união física.
Quando se queimam etapas e a ordem das coisas é alterada, há uma grande confusão. Toda ordem que D’us colocou é revirada.
Receita para um casamento feliz e duradouro
Dizem nossos sábios que, quanto maior a distância antes do casamento, maior será a aproximação após o matrimônio.
Dessa forma, a melhor receita para uma união ser duradoura é não haver contato físico nenhum antes de celebrar a união.
Como já explicamos, a ligação vital entre duas pessoas se dá na compreensão espiritual, no que se refere ao intelecto, aos sentimentos profundos do coração, e isso é expresso por meio da fala e do pensamento, não por meio de contato físico.
Conhecemos histórias de pessoas que, antes do casamento, já se relacionavam fisicamente com o seu parceiro e não tiveram uma união duradoura, pois perceberam que toda a sua conexão era apenas uma atração corporal. E isso é algo temporário.
Cuidar para que o contato físico aconteça no momento certo, e não antes do tempo é, sem dúvida alguma, uma forma de melhorar a vida conjugal do casal.
Além disso, entender a ideia de que cada ser sozinho e incompleto é muito importante, pois dá a concepção correta de como se preparar para o casamento e a vida a dois.
Para uma pessoa alcançar a harmonia e a felicidade no matrimônio, deve sempre se lembrar que precisa de alguém que possa completá-la.
Tudo tem seu tempo
Toda a energia e o potencial de um judeu devem ser canalizados para ações positivas. Isso inclui todas as áreas de sua vida, inclusive seu relacionamento íntimo.
Este é consagrado por meio do casamento judaico. Trata-se de um momento único e especial e, ao entender sua verdadeira dimensão, tanto o rapaz quanto a moça judia certamente saberão esperar para que sua intimidade seja compartilhada com a pessoa certa, no momento apropriado, e com as bênçãos de D’us.
Tudo tem seu tempo e a Torá nos ensina a respeitar esse período.
Isso proporciona respeito mútuo e disciplina que nos acompanharão durante toda a vida. Assim, o casal terá uma vida conjugal saudável, com amor e shalom bait (paz no lar).
Quando seguimos as palavras da Torá, temos a certeza de que D’us estará conosco na nossa união e garantirá a eternidade do casamento.
É em Campinas, no interior de São Paulo, a 90km da capital paulistana, que boa parte do trabalho da Rabanit Nadia Levaton Stulman e seu marido, o Rabino Nachman se concentra. Com foco voltado para a comunidade local, Nadia é uma das shadchaniot do Zivug. “É necessário bastante dedicação para conversar e atender os jovens”, diz.
Zivug – Sra Nadia, como é o seu trabalho com a comunidade judaica de Campinas junto com o seu marido, o Rabino Nachman? Há quantos anos vocês atuam na cidade?
Nadia Stulman – Trabalhamos em Campinas, há mais de 18 anos, com a comunidade local. Vemos a grande importância dela, pois como a cidade oferece muitas oportunidades, a coletividade é numerosa em relação a outros municípios do interior. Apesar de ficar a 90 kms de São Paulo, há uma carência de judaísmo e aqui entra o nosso trabalho: o de aproximar ao máximo os judeus do judaísmo.
Damos apoio para nascimentos, bar e bat mitzvá, aulas para jovens da Unicamp e, em geral, assistência aos idosos. Fazemos em todos os shabatot um encontro em nossa sede e também comemoramos as festas judaicas.
O que acontece muito, principalmente com os jovens é que eles que começam a se aproximar mais da religião, fazem teshuvá, ficam religiosos, mas acabam indo morar nos grandes centros judaicos, e diminuem o número de pessoas da comunidade local, onde estavam inicialmente. Mas, logo chegam outros e recomeçamos de novo.
Recentemente, em suas redes sociais, a sra postou que conseguiu realizar, B’H, mais um casamento dentro do projeto Zivug. Poderia falar sobre isso, por favor?
Nesse trabalho, estamos sempre prestando atenção nas pessoas, para podermos apresentar uns aos outros. É necessário ter muita dedicação para lidar com os jovens, saber com detalhes como é cada um, tomar cuidado com o que vai falar para cada um, também. Precisamos tratá-los como filhos e sermos cuidadosos. Tem vários shadchanim trabalhando e, Baruch Hashem, há diversos casais sendo formados por causa deste projeto.
Conte um pouco sobre o seu tempo dedicado ao Zivug
Quando tem um casal que combina que vai se conhecer, fico praticamente o dia inteiro em função deles. De dia e à noite, não tem hora para acabar. Às vezes, levo bronca dos filhos, do marido, mas esse é o nosso trabalho.
Isso quando não há dois ou três casais novos saindo, ao mesmo tempo, aí o bicho pega: minha família não vai me ver por algumas semanas, somente no Shabat! Eles até já chegaram a esconder o meu celular (risos). É preciso, realmente, muita dedicação para que possamos ajudar os casais.
Como funcionam as apresentações e a questão da privacidade dos inscritos?
Os candidatos não têm acesso ao cadastro um dos outros, somente os shadchanim têm.
Nós ligamos para cada pessoa que achamos que combina para fazemos a apresentação. Falamos com o Rabino Benzecry para colocar um sinal de ocupado e somente o shadchan que apresentou sabe com quem cada um está saindo.
Os outros shadchanim só ficam sabendo que a pessoa está saindo, mas não sabem com quem, e assim preservamos a discrição.
Quantas apresentações a sra acredita ter realizado, junto com o seu marido, para a formação de novos casais? E quantos casamentos saíram destas apresentações?
Na verdade, não fazemos tantas apresentações, porém, a maioria que fizemos, deu certo!
Qual a importância do Zivug sobre tentar ajudar a resolver o problema de assimilação?
Sempre ouvimos nos contatos que tivemos com os jovens, reclamando que não há muitos parceiros (as) na comunidade judaica, em geral, e sempre falávamos para darem chance pois sim, havia.
Diversas vezes, em pequenas comunidades, reclamavam que o círculo judaico que conheciam, eram de amigos ou primos (que na verdade não eram primos, eram só muito próximos) e não queriam algo mais sério.
E muitos acabavam se casando com pessoas de fora da comunidade. O projeto Zivug proporciona uma integração da comunidade judaica do Brasil, dando chance, assim, para que outras pessoas se conheçam, até mesmo de outros estados. Isto está ajudando bastante na questão da assimilação e ajudando a formar vários casais que, se não fosse assim, não teriam se conhecido.
Mas mais do que os jovens, estamos ajudando pessoas de várias idades. Temos inscritos até jovens de 80 anos, recentemente tive a felicidade de participar de um shiduch com minha colega, Sarinha Treiguer, de um casal cujas idades eram de 62 e 58 anos.
A tentativa de formação de casais que vocês fazem, envolvem apenas interessados de Campinas e São Paulo ou abrange também outros estados e cidades?
Envolve o Brasil inteiro, outras cidades e outros estados.
Existe alguma história peculiar destas apresentações?
Quando estava olhando os perfis dos candidatos, de repente, vi um abaixo do outro, dois jovens que haviam acabado de entrar na lista, e, olhando a foto, e os detalhes, vi que tinham tudo a ver um com outro!
Liguei para cada um e falei com eles. Percebi que a sua fala tinha a mesma sintonia, tinham respostas idênticas, as mesmas frases: nem mesmo as vírgulas mudavam!
Fiquei sabendo que o rapaz era convertido, mas não sabia que a moça também era de família convertida, achei super bacana, teve mais mais ainda!
Fiz o match, e eles se encontraram pela primeira vez em um domingo à tarde.
Esperei para que eles entrassem em contato no final do dia para dizerem o que acharam um do outro, qual a impressão que tiveram, mas não recebi nada, o que me deixou preocupada: o que poderia ter acontecido com eles?
A resposta veio tarde, de madrugada, após 9 horas depois que tinha sido marcado para o encontro: os dois estavam muito contentes e já decididos e sem dúvida de que já haviam encontrado seu Shiduch!
Aconselhei que eles fossem com calma, que precisavam sair mais vezes para tomarem uma decisão. Então falaram que tudo bem. Mas, nessas conversas que ainda tivemos, os diálogos continuavam sendo os mesmos, mesmas frases e vírgulas, sempre em sintonia, era realmente incrível!
Então marcamos na terça-feira da mesma semana, dois dias depois do primeiro encontro, e novamente eles ficaram conversando por muitas horas e na volta deste segundo encontro, eles tinham certeza do que queriam.
Marcamos o Lechaim na quinta-feira (era lag baomer), pois ele havia pedido ela em casamento à tarde. Dois meses depois, eles já estavam casados. Foi, realmente, uma história incrível!
Recentemente sua filha foi entrevistada na televisão por um programa judaico carioca. Como você enxerga esse envolvimento familiar em ajudar as pessoas a se casarem?
Desde pequenos, ensinamos para nossos filhos, que devemos fazer ações de bondade, e gostamos que todos se envolvam na nossa shelichut, fazendo uma moradia pra Hashem aqui embaixo. Quanto mais vejo minha família envolvida nessas ações, mais me influencia para fazer o bem. Em educação, aprendemos mais do que ensinamos, o principal são nossos filhos vendo o que fazemos, e por isso levamos todos conosco.
Foi por acaso que o projeto Zivug nasceu, a partir de uma ligação entre a dentista Fanny Aker, de Curitiba, e o rabino Yossef Benzecry. Ela ligou para pedir alguns conselhos, muito preocupada com a assimilação que ocorre em sua cidade e com toda a comunidade judaica, no Brasil, e no mundo. “Conversando, nós chegamos à conclusão que a tecnologia teria que ser um grande aliado neste projeto”, conta.
Zivug – Fanny, conte como começou sua participação no projeto e qual a importância dele?
Fanny Aker – Eu estava preocupada com a assimilação em Curitiba, onde se percebe que o número de judeus cai muito, a cada ano, e ocorre uma assimilação grande, com grande perda de valores judaicos. Então, liguei para o Rabino Yossef Benzecry para pedir uns conselhos.
O Rabino e eu chegamos à conclusão que a tecnologia teria que ser uma grande aliada no projeto e não somente bastava eu trocar algumas informações e figurinhas, como é no dia a dia.
Então, nós ficamos quebrando a cabeça, pensando em como poderíamos alcançar meus objetivos para melhorar estes canais para que judeus conhecessem outros judeus, não apenas por meio de ligações, mas que fosse algo mais automatizado e sistematizado, com o auxílio da informática.
Após diversos meses de reuniões com ele, chegamos ao consenso de criar um projeto chamado Zivug; então, desenvolvemos o site e criamos uma metodologia.
O Zivug tomou uma proporção nacional e até mesmo internacional: você esperava por isso?
Realmente, ficamos surpresos com o alcance que o projeto teve. Hoje, além do Brasil, claro, temos candidatos do Panamá, Israel, Argentina e Uruguai.
A gente vê que é uma necessidade muito grande e a rotina das pessoas hoje é bastante complicada, ainda mais com a pandemia, que foi um motivo bem forte para deixar os jovens deprimidos e tristes por ficarem sozinhos.
Então, nós realmente precisávamos de um mecanismo que trouxesse alegria para essas pessoas e que estavam procurando uma inserção maior.
O Zivug tem ajudado vários candidatos a encontrarem o seu par, mas tem muita gente para ser apoiada, já que nem sempre tudo é tão rápido. Como lidar com as expectativas dos inscritos?
Os candidatos têm certos desejos, mas nós não temos, infelizmente, uma varinha de condão em que o inscrito, de repente, transforma-se no homem mais rico, mais bonito, aquela pessoa que todo mundo quer ou deseja, já que somos todos “normais”. Os candidatos são “comuns”, ou seja, trabalham, têm seus problemas financeiros, suas alegrias, vontades, aborrecimentos, de modo geral, como qualquer ser humano.
Nem todo mundo é um artista de cinema, então, realmente existem diversas expectativas. Mas, devagar, as pessoas vão vendo que cada panela tem sua tampa. Se há uma tampa de 20 centímetros, não vai se encaixar em uma panela maior, de 30 centímetros, e vice-versa. Então, devagar, as pessoas vão se olhando no espelho e amadurecendo.
Quanto tempo você dedica para fazer shiduch e como consegue conciliar esta ocupação com o seu trabalho, de dentista e empresária, e suas obrigações familiares?
Nós não temos um horário fixo dedicado para fazer shiduch. A gente está, na verdade, 24hs por dia envolvido nisso, a todo momento que seja possível, quando temos uma brecha, estamos sempre falando com um candidato ou esclarecendo alguma questão.
O importante é que as pessoas encontrem uma porta aberta; alguém está preocupado com elas e quer que elas encontrem o seu parceiro. Isto é um fato essencial, porque espanta muito a assimilação e a falta de conexão com os judeus. É interessante que os interessados saibam que existe essa abertura, onde eles possam encontrar alguém.
Qual a importância do Zivug, no sentido de tentar resolver o problema da assimilação?
A assimilação é uma questão muito grave na nossa comunidade, principalmente em comunidades afastadas, que estão longe de grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo. Assim, de modo geral, a América Latina é um lugar de bastante assimilação…Na verdade, o mundo inteiro sofre, hoje em dia, com esse problema, e todas as tentativas têm que ser feitas para evitar isso. Tudo é válido quando se fala em combater a assimilação.
Quantos casais você acredita que já conseguiu formar? De que forma eles foram apresentados?
Em relação a casais, nós fazemos muitas conexões de pessoas. Então, diversas vezes, uma pessoa conhece outra, que indica outra. O importante é que as pessoas se conheçam.
Alguém que está no sofá, pacificamente, vendo a vida passar, não vai arranjar um shiduch, ninguém vai bater na porta dela! Ele (a) tem que se mexer, ir atrás, conhecer gente, ir em projetos (não só o Zivug), viagens, etc. Encontrar ou conhecer alguém não é algo que vai cair do céu. A pessoa tem que batalhar e ir atrás dos seus objetivos.
Quais são os próximos passos do Zivug? Existem novas metas a serem atingidas?
O rabino encontrou, junto com a Chana Guitl Boimel e o Mauro Boimel, diversas formas para trazer melhorias tecnológicas para este trabalho. Então, buscamos pessoas extremamente qualificadas para isso. E, assim, fomos reformulando o site, fazendo mais eventos e aumentando a penetração em diversas comunidades com ajuda, inclusive, da CONIB e das federações estaduais.
Qual é a sua motivação em tentar ajudar as pessoas a se casarem?
Com certeza, o povo judeu tem 5682 anos de história e isto aconteceu devido aos casamentos: judeus têm que casar com judeus, é o elo de uma corrente.
Então, nós queremos sempre que todos tenham a possibilidade e a alegria de continuar com a tradição do povo judeu, é algo muito importante. Afinal, nós não recebemos a Torá à toa. Temos diversas responsabilidades e deveres. Nossa vida é assim: sempre temos que estar envolvidos.
Gostaria de mandar alguma mensagem?
A mensagem é que nós precisamos de mais pessoas que se envolvam, que ajudem, apesar que sentimos uma empatia muito grande da comunidade com o projeto, já que o Zivug pertence à toda comunidade, não é um projeto do Rabino Yossef Benzecry ou da Fanny, é de todos! Então as portas estão abertas aos que quiserem ajudar, dando dicas, trazendo pessoas…tudo ajuda neste meio! Vamos juntos, assim somos mais fortes!
O Rabino Ariel Antebi, junto com sua esposa, desenvolve na zona norte de São Paulo, há quase 17 anos, um importante trabalho, no Beit Chabad Santana, recebendo mochileiros de Israel e também atendendo a comunidade local.
Integrante do Zivug, o rabino também atua como shadchan, evitando, assim, a temida assimilação.
Zivug – Rabino, fale sobre o seu trabalho (junto com a sua esposa) no Beit Chabad Santana: quando e como começou, e como se desenvolveu até agora?
Rabino Ariel Antebi – Inauguramos o Beit Chabad Santana em setembro de 2005, faltando pouco tempo para Rosh Hashaná, após receber uma carta do Rebe nos abençoando e incentivando a abrir uma nova casa, em um lugar ainda carente de judaísmo.
Como diz o ditado, Kol Hahatchalot Kashot, todos os começos são difíceis! Mas, com a ajuda de Hashem e as inúmeras berachot do Rebe, ao longo destes 16 anos pudemos, milagrosamente, fazer a diferença na vida de centenas de judeus da zona norte de São Paulo. E também para milhares de mochileiros israelenses, que por aqui passam a cada ano.
Vocês trabalham, de forma simultânea, com dois públicos heterogêneos, que têm necessidades diferentes: a comunidade de Santana, e seus arredores, e com os israelenses, especialmente os jovens mochileiros, que rodam o mundo após terem concluído o serviço militar. Como vocês conciliam isso e qual o ponto em comum deste trabalho, em duas frentes tão distintas?
Realmente, o nosso trabalho se divide em quatro campos: familiar, comunitário, educacional e com os jovens mochileiros!
Além do nosso trabalho no Beit Chabad, minha esposa e eu somos educadores na escola Lubavitch há mais de duas décadas, uma profissão que tenho muito carinho e pela qual me dedico há 25 anos.
Não é nada fácil conciliar tantas obrigações diferentes ao mesmo tempo, principalmente quando os recursos são escassos, mas, como mencionei antes, com as inúmeras berachot do Rebe, vemos milagres ocorrerem diariamente!
As necessidades da comunidade variam como qualquer outra, desde alegrias com nascimentos, Bar Mitzvás, casamentos, etc, até problemas de Parnassá (sustento), relacionamentos, drogas e outros mais tristes. O importante, para a comunidade, é saber que, em todas as etapas de suas vidas, estaremos próximos para apoiá-los.
O nosso trabalho com os mochileiros se resume em oferecer um pouco do aconchego do lar, mesmo estando tão longe de casa. Nós realizamos durante as temporadas de turismo jantares de Shabat para mais de 80 jovens. A alegria é contagiante e os membros da comunidade curtem muito essa alegria juvenil que eles trazem.
Além das refeições, damos suporte a eles em todas as áreas e problemas que possam surgir durante sua estada no Brasil. Isto inclui resgates em situações de risco e ajuda diante das autoridades e o consulado, quando entram em apuros.
Enfim, no meio desta correria com os assuntos do Beit Chabad, temos que reservar tempo para nossas atividades escolares e também, claro, para a nossa família!
Como vocêslidam com o desejo e a busca por um relacionamento pelas pessoas com quem vocês trabalham; qual dica o senhor daria para quem busca um pretendente?
Uma das maiores preocupações de um shaliach é evitar a assimilação. Portanto, sempre que temos um membro da nossa comunidade, que esteja solteiro, tentamos oferecer a ele pessoas compatíveis para se relacionarem e montarem um lar. Não há maior alegria do que ver a união de um casal!
A nossa dica para todos os jovens é casarem o mais cedo possível. A desculpa da maioria é que tem que ter uma profissão, um lar antes de se casar, etc. Eu acho que tudo isso pode ser conquistado de forma mais fácil a dois, crescendo juntos, em todos os aspectos.
O conselho do Rebe para quem sai de shiduch é focar nas coisas principais, e não se apegar a detalhes supérfluos: precisamos ver se as qualidades e valores do nosso par são compatíveis com os nossos. E não se a roupa que ele (a) veste combina ou não!
Quais são os seus conselhos para que haja harmonia completa entre o casal, obtendo, assim, o sonhado “shalom bait” (“paz no lar”)?
O segredo para ter um relacionamento saudável é ter consciência que você está se conectando com esta pessoa para dar o melhor de si, e não procurar o benefício próprio que resultará deste relacionamento.
Além disto, o casal tem que ser flexível e, às vezes, abrir mão de algumas coisas em prol do Shalom Bait.
Teria alguma história curiosa para contar sobre a apresentação de casais?
Certa vez, um casal de jovens que, aparentemente, não combinava para nada, frequentava a nossa sinagoga. Um determinado dia, o rapaz se aproximou da minha esposa e disse para ela que se interessou por uma moça. Minha esposa achou que talvez a menina iria se ofender se ela apresentasse este rapaz.
Porém, como não tinha nada a perder, minha esposa perguntou a ela o que achava deste rapaz. Para nossa surpresa, a moça disse que o achava interessante e, ao final de alguns encontros, eles acabaram se casando!
Resumindo, não descarte nenhuma possibilidade, deixe-os decidirem se gostam ou não um do outro.
De que modo o Zivug tem lhes ajudado, e de forma geral, como os shadchanim podem ajudar na formação de novos casais?
O Zivug foi, simplesmente, a melhor coisa que aconteceu para toda a comunidade judaica do Brasil. Com certeza, é a melhor ferramenta para a união de casais e também para a diminuição da assimilação no Brasil.
Através dos shadchanim de diferentes partes e comunidades do Brasil, é possível conhecer candidatos de todos os cantos do país e não apenas do meio limitado de amizades em que, normalmente, as pessoas estão envolvidas.