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“É fundamental que os judeus se casem entre si”

O Rabino Nochum Zajac atua há vários anos na comunidade judaica de São Paulo, e na função de shadchan afirma ter apresentado mais de dez casais que se conheceram por seu intermédio, namoraram e se casaram. O rabino Nochum concedeu a seguinte entrevista ao blog do Zivug:

Zivug: Rabino, como o sr. começou a apresentar os casais?

Rabino Nochum Zajac – Comecei a apresentar casais trabalhando com jovens e com integrantes da comunidade judaica. Vi a importância e a necessidade de fazer isso, fazendo com que o homem ou a mulher conhecessem alguém que fosse da comunidade.

Quantas apresentações calcula ter feito?

Apresentações, que depois de namoro, viraram casamento, mais do que 10, pelo menos! Houve algumas outras apresentações, onde tentamos formar casais, mas que acabaram não indo para frente, não formando pares, nem terminando em casamento.

Poderia nos contar alguma história marcante dessas dezenas de apresentações que o sr já fez?

Houve um casal que apresentei, eles se conheceram na minha casa, durante uma refeição de Shabat. Posteriormente, começaram a namorar e ela foi morar com ele; o relacionamento ficou sério, e depois eles acabaram se tornando sócios em um negócio. Ocorre que eles acabaram brigando por causa disso, e no fim, acabou tudo: o relacionamento, o negócio entre os dois…O que se aprende disso é que não se pode misturar as coisas.

Pode explicar, qual é a importância dos judeus se casarem entre si?

É fundamental que os judeus se casem entre si, formem casais judaicos, para que o judaísmo continue existindo, pela continuidade das famílias judaicas. Vejo muitos casos em que a mãe ou o pai não se converteu conforme as leis da halacha, ou fez isso em processos não oficiais, e há muito sofrimento depois disso.

 Shadchan observa sua agenda de telefones: ele tem como função fazer a ponte para o casal se conhecer.

Qual é a função de um shadchan? O que ele faz?

Depende muito de cada caso. Se o homem e a mulher concordarem em se conhecer através de um processo de shiduch, no momento que o rapaz achar interessante conhecer a moça que eu indiquei para ele, ou, então, se ele pergunta se conheço ou tenho contato de determinada menina, pergunto se ela concorda que eu passe seu telefone para esse pretendente.

Caso seja o caso dela não topar sair, então recorremos às redes sociais. Isso ocorreu, por exemplo, com um homem que tinha se casado com alguém de fora da comunidade, mas acabou se separando. Posteriormente, apresentei uma moça para ele e hoje eles estão perto de concretizar o noivado.

Só para esclarecer: o shiduch não é o rabino que decide com quem a pessoa vai se casar: na verdade, o shadchan só aproxima os dois lados. Faz a ponte para eles se conhecerem.

Por que um homem não pode ficar sozinho?

Está escrito na Torá que um homem não deve ficar sozinho. Em geral, a pessoa só entende o significado geral da vida quando se casa, quanto é abençoado e tem filhos, passando a ser menos egoísta e sabendo apreciar o quão saboroso é compartilhar as coisas.

Quais dicas o senhor pode dar aos que estão procurando seu zivug?

Que as pessoas realmente estejam dispostas a encontrar o seu par. Que não entrem nessa procura por pressão dos pais ou da sociedade. No fundo, muitos não querem ou têm medo de assumir um compromisso mais sério. Nós, shadchanim, não somos terapeutas.

Existe idade mínima e idade máxima para se casar, ou seja, para procurar alguém?

Não, para isso, não tem idade: nem mínima, nem máxima!

Alguém que, infelizmente, se divorciou ou então ficou viúvo (a) deve procurar um novo par? É uma mitsvá? Ou isso depende da idade da pessoa?

Como mencionamos, pela Torá, para um homem é bem melhor ele estar casado, ele tem muito mais moral por isso. E, se tem possiblidades, deve ter filhos também, mesmo se já os teve no primeiro casamento. E as mulheres, por sua vez, também desejam sempre estar acompanhadas.

Existe alguma regra sobre quem deve dar o primeiro passo, o homem ou a mulher nessa procura?

Pelo Talmud, é o homem quem procura sua parte perdida. Mas, obviamente, depende muito do caso. Há casos em que a mulher que faz isso ou se está apaixonada.

Quais são as suas dicas para ter um lar harmonioso?

A principal de todas é que o casal deve ser humilde, tanto o homem, como também a sua esposa.

Por favor, mande uma mensagem para quem está à procura do seu Zivug

Seja uma boa pessoa! Não adianta pedir para ser apresentado (a), para conhecer alguém, se você não está a fim de se doar ao outro (a).

“Algumas coisas podem ser mudadas em uma pessoa; mas certas características são indispensáveis”

Lisette Nigri Sayeg atua há mais de 34 anos como Shadchanit. Depois de começar nesta função em São Paulo, ela acabou expandindo este trabalho para outros estados brasileiros, chegando até o exterior.

“Fatos marcantes como um nascimento, um Bar ou Bat-Mitzva, e até o casamento dessa nova geração são a coroação do nosso trabalho”, diz ela.

Zivug – Há quantos anos a sra. exerce a função de Shadchanit? A sra. atua em só uma cidade ou em todos os estados brasileiros?

Lisette Nigri Sayeg – Baruch Hashem, são 34 anos de atividade na área de shiduchim. Comecei atuando aqui em São Paulo, e o trabalho foi se estendendo por vários estados brasileiros, e até outros países, onde temos a presença da comunidade judaica, como Paraguai, Argentina, Chile, EUA, Itália e Israel.

Quantos casais a sra. acredita ter formado através das suas apresentações? Quantas apresentações a sra. imagina que já conseguiu fazer?

No começo do meu trabalho nesta área, eu me empolgava com os números. Mas, em certo momento, percebi que o importante não era a contabilidade do que eu já tinha feito, mas quanto trabalho eu ainda tinha para fazer, então, parei de contar. O que ficou para mim são os frutos do meu esforço, fatos marcantes como um nascimento, um bar e bat-mitzvá, e até o casamento dessa nova geração. Sinto que faço parte dessas lindas histórias de vida.

Normalmente, onde e quando ocorrem essas apresentações?

São duas abordagens. Antigamente, eu fazia eventos em minha casa, onde vinham, em média de 150 pessoas. Elas mesmas tinham a oportunidade de encontrarem seus shiduchim. Eu contava com a ajuda de 10 jovens que também procuravam sua cara-metade e se dispunham a me ajudar, trazendo muitas pessoas para o grupo. Desta forma, elas tinham a oportunidade de conhecer mais gente, eventualmente até mesmo encontrar seu shiduch. Esses encontros foram realizados durante 15 anos, mas alguns optaram por não fazer parte destas reuniões; então eu os entrevistava em particular, na minha casa. É esse trabalho que faço até hoje. Ah, também, às vezes, eu programava encontros de alguns jovens no Shabat e chaguim (festas) na minha casa, o que, B`H, deu bons resultados!

Por que “fracassos” ocorrem nesta área, ou seja: qual erro mais comum na tentativa de formação de casais?

Erros e acertos fazem parte desse trabalho. Não temos bola de cristal. É uma inspiração Divina, com a qual temos que ficar sintonizados. E, claro, a experiência ajuda muito! Os fracassos, diversas vezes, são sinais de que os jovens não são “matim”, ou seja, os perfis não combinam. Mas faz parte do nosso trabalho tentar! Acho que o grande lance é se colocar no lugar desses jovens e, ao tentar ajudá-los, ter total comprometimento. Temos que ser sensíveis e considerar o que cada um dos interessados está nos pedindo. Para cada pessoa, existe o que lhe é importante, pensar em cada caso, como se fosse para você ou para os seus filhos.

Como o shadcham pode ajudar nisso?

É nosso dever ouvir com carinho as histórias de vida de cada um, para poder entendê-los e atendê-los com empatia. Temos o direito de propor, mas não de impor uma ideia, não julgar. Procurar entender o passado deles, o presente e o que eles querem para o futuro. É preciso dispor de tempo e lembrar que este é um investimento de grande retorno. O shadcham tem que fazer tudo com sensibilidade, ser otimista e persistente. Trata-se de um trabalho difícil, mas temos sempre que lembrar que não estamos sozinhos, temos um grande sócio, Hashem, que nos guia e nos ilumina no caminho a seguir. E a felicidade que sentimos em fazer essa poderosa mitzvá, só podemos compreender ao fazê-la, de fato. Ver que Hashem, confia em você para ser o seu shaliach: como explicar o sentimento de gratidão por essa grande missão? E, por outro lado, vejo que os jovens precisam compreender que tão importante quanto encontrar as oportunidades é saber que não podem perdê-las. Aconselho que eles fiquem preparados para oportunidades, que, muitas vezes, são um pouco diferentes do que eles sonharam para a sua vida.

Quais dicas a sra. pode passar aos que estão procurando shiduch?

São várias! Comecem sua escolha pela razão e não pela emoção: esse processo ajuda os jovens a direcionarem seus corações para a pessoa certa. Muitas vezes o que parece não é. Lembre-se que algumas coisas podem ser mudadas em uma pessoa, mas algumas características são indispensáveis: caráter, bondade, espiritualidade, empatia, respeito, gentileza, ter objetivos comuns. Valores esses, enfim, que são os tijolos de uma construção sólida – o seu futuro lar! Trabalhem para fazer com que as diferenças possam ser um plus e não um problema. Tentem aproximar as distâncias, não só físicas, como também as emocionais. Em alguns casos, é preciso mudar de lugar (cidade, estado ou mesmo um país); quem muda, muda de sorte! Dividam suas dúvidas com alguém que confiem: alguém que está de fora, às vezes, enxerga melhor a situação.

Há idade mínima ou idade máxima para se casar, ou seja, para procurar alguém?

Conforme a visão da Torá, não é bom que a pessoa fique sozinha. Quanto mais jovem ela se casar, melhor. Acho que o assunto de procurar e encontrar um shiduch, é ligado ao esforço que a pessoa faz e o quanto ela quer, de fato, não exatamente a idade.

Qual a importância de um casamento judaico?

O casamento judaico é um valor fundamental da Torá, daí a sua importância. A Torá, é uma herança que recebemos de Hashem, através de Moshê Rabênu, há 3334 anos. Quando os filhos recebem uma herança de seus pais, eles podem escolher torrar a herança ou multiplicá-la. Aqueles que dão valor ao esforço que os pais fizeram para formar esse patrimônio, vão escolher querer continuar o que um dia seus pais começaram!

Existe alguma regra sobre quem deve dar o primeiro passo, o homem ou a mulher, nessa procura?

Sugiro sempre que o contato comece pelo rapaz.

Quais são as suas dicas para se obter um lar harmonioso depois do casamento?

O primeiro ponto importante é o respeito e a Torá nos fala sobre isso, “Trate o outro como você deseja ser tratado”! Outro valor importante é a cumplicidade – compartilhe e esteja realmente junto na dor, na alegria, no fracasso e no sucesso.

Uma história que ilustra isso: o marido acompanhou sua esposa numa consulta e disse ao médico: “Doutor nosso pé está doendo”.  O médico perguntou: mas quem é o paciente? O marido respondeu: “quando o pé dela dói, o meu dói também!” Anulação das vontades, também é algo fundamental! Aprendemos na Torá: “anule a sua vontade perante a de Hashem, para que ele anule à vontade d’Ele perante a sua”, assim também ocorre no casamento. Quando um marido diz para sua esposa “te amo”, essa expressão de amor não é suficiente para manter o casamento harmonioso. O que preserva um relacionamento com harmonia, verdadeiramente, é quando um faz a vontade do outro. Aqui cabe uma história divertida:

Uma vez, um casal se desentendeu e eles foram ao rabino com a seguinte questão:  A mulher se queixou que ela pediu ao marido que queria ganhar uma rosa, e ele trouxe 12 rosas! Vemos aqui, que o importante é dar o que o outro quer receber e trabalhar o ego. Os casais têm que ser flexíveis e fazer ajustes: eles são necessários em todos os relacionamentos, além de ceder às exigências. A perfeição não existe no outro e nem dentro de você. Ninguém é completo sozinho, e esse é o sentido do casamento, um completar o outro e juntos crescerem material e espiritualmente. Da mesma forma, ninguém é feliz sozinho. É preciso dar e receber, essa troca que faz o sentido da vida e preenche qualquer vazio.

Quando vai chegar o meu shiduch?

Nem cedo, nem tarde: na hora certa, com a pessoa certa! Porém, não fiquem parados esperando! Façam os seus movimentos e acreditem que o shiduch vai chegar! Invistam, insistam e não desistam!

“Atração física é muito importante, mas beleza é algo relativo”

Gilda Zukin é uma das shadchaniot do Zivug. Ela desempenha importante papel no Rio de Janeiro, onde existe significante presença da comunidade judaica.

Ela afirma que a afinidade física para um casal é muito importante. Mas que não é o fator fundamental, até porque beleza é algo bastante relativo.

“Nesta função que desempenho, ver um casal que ajudei a formar, e que está feliz da vida, é o maior prazer que posso ter”, diz ela.

Zivug – Como é levar uma vida moldada em fundamentos judaicos numa cidade como o Rio de Janeiro, com tantas facilidades “terrestres”?

Gilda Zukin – É difícil…, mas não é impossível! Em qualquer lugar do planeta, o yetzer hará (instinto negativo) sempre vai criar dificuldades. Temos que ter bitachon (confiança/fé) e, com isso, poderemos sempre superar qualquer teste.

O que te motiva a se envolver em tentar ajudar as pessoas a se casarem? Como começou o seu envolvimento nisso?

Sempre gostei de apresentar e conectar as pessoas, muito antes de fazer teshuvá. Tanto para trabalho, para namoro ou mesmo que fosse para dividir um apartamento. Depois de aprender a importância, pela halachá (além da vivência na prática, claro) de ter uma família e consciência do grau de assimilação que enfrentamos hoje, percebi que esse trabalho era bastante importante, fundamental mesmo.

Até que ponto a questão da aparência física da outra pessoa influencia na escolha de um relacionamento e qual é a sua opinião sobre isso?

Atração física é muito importante. Mas de jeito nenhum é o aspecto mais importante, até porque beleza é uma coisa relativa. É bastante comum não acharmos alguém bonito, logo de cara, e após meia hora de conversa já acharmos lindo (a). Assim como, podemos achar alguém bonito (a) e depois de 3 frases, mudar de opinião totalmente. Contudo, para uma relação ser duradoura, é muito mais importante ter respeito e admiração pela outra pessoa. A beleza física é efêmera… já a apreciação pelo caráter, intelecto, pelas atitudes, essa não deve acabar, tem que ficar e até mesmo crescer.

Quais são as principais dificuldades encontradas para se progredir para um relacionamento mais sério e qual seria o seu conselho?

Há vários problemas atualmente: leviandade, rapidez; as pessoas hoje são superficiais. Olham uma foto e já tiram as suas conclusões. Olham a roupa, o carro, o endereço. Fazem julgamentos. Quem realmente quer ter um parceiro, um sócio para a vida, tem que investir mais nessa procura. Tentar olhar muito além de uma foto no Facebook, Instagram, ou qualquer rede social.

É mais fácil apresentar um casal de religiosos ou não-religiosos? Quais são os desafios de ambos os casos?

Nenhum dos dois é fácil. A apresentação entre religiosos tem a facilidade de ambos serem bem objetivos a respeito do que querem. Não tem joguinho de se fazer de desinteressado, de demorar para ligar. Por outro lado, tem menos chance de ter encontros casuais, mais descompromissados, que acabam deixando as pessoas mais relaxadas. Ajudar a formar um casal é muito difícil. Precisamos da ajuda de Hashem para isso. Homem e mulher são bem diferentes!

Quem costuma ter mais exigências, o homem ou a mulher? Um jovem ou uma pessoa de meia-idade?

Mulheres tendem a se preocupar mais com o caráter, os homens com a aparência. Os jovens julgam rápido demais e os de meia idade vêm com uma bagagem já. Como eu disse, não tem facilidade em nenhum dos casos.

Como você aconselharia alguém que teve uma experiência amarga a se dar uma chance de procurar um novo zivug?

Temos experiências amargas todos os dias. Desde uma grosseria inesperada no trânsito até mesmo uma profunda decepção no amor. Essas experiências fazem parte da vida. Mas de jeito nenhum significam uma rua sem saída. Já ajudei vários casais a se encontrarem. Todo mundo merece ser feliz!

De que forma você tem a sensação de que seu trabalho é reconhecido?

Ver um casal que ajudei a formar, e que está feliz da vida, é o maior prazer que posso ter. Mas se esse casal puder conversar com os seus amigos sobre isso, explicar que ser apresentado para alguém não é uma vergonha, pelo contrário, é uma facilidade, com certeza seria uma grande ajuda para o nosso trabalho.

Gostaria de mandar um recado para as pessoas que se inscreveram ou pensam em se inscrever no Zivug?

Sim! Já ajudei a formar casais com 20 e poucos anos e com mais de 70 anos de idade. O ser humano, com poucas exceções, não nasceu para ser ou ficar sozinho. Acredite: tem alguém que vai te complementar. Se dê essa chance, permitindo que te ajudemos!

“Zivug: um projeto para todas as idades e todos os níveis de religiosidade”

Nascido em Belém (PA) e emissário do Rebe de Lubavitch há mais de 30 anos, Yossef Benzecry dirige há mais de 18 anos a Congregação Tsémach Tsédec, também conhecida como a “Sinagoga da Pompéia”.

O rabino é um dos coordenadores do Zivug, ao lado de dezenas de colaboradores. “Temos muitos planos para o futuro. O Zivug é um projeto que foi desenvolvido para abrigar pessoas de todas as idades, independente do seu nível de religiosidade”.

Zivug – Qual a importância do projeto Zivug? O que a ferramenta oferece aos seus usuários?

Rabino Yossef Benzecry – O Zivug foi concebido com o objetivo de ser uma poderosa ferramenta para formar casais dentro da comunidade judaica. Esse instrumento pode ser usado tanto por usuários desimpedidos que buscam um (a) parceiro (a), como também por líderes comunitários, que procuram shiduch para um membro de sua instituição. Na verdade, quanto mais gente estiver inscrita e envolvida, maior a probabilidade de conseguirmos formar um casal.

Todos os colaboradores são pessoas dignas e sérias e se dedicam, literalmente, de corpo e alma. Isto tudo, junto com a premissa de cuidar do sigilo das informações pessoais dos candidatos. Também há o fato de oferecermos o serviço aos usuários e dirigentes comunitários de forma totalmente gratuita. Vale ressaltar, ainda, que o projeto é para todas as idades e independe do nível de observância religiosa do (a) candidato (a).

Qual é a sua participação neste projeto? Quanto tempo demorou entre o Zivug ser concebido e estar, de fato, no ar? Qual sua opinião sobre ele?

Minha participação é pequena. Tivemos sim muita “siata dishmaya” (ajuda de H’), que fez com que aparecessem as pessoas certas, no tempo correto, para auxiliarem no projeto. Só para ilustrar com um exemplo, tínhamos percebido que alguns candidatos não tinham fotos muito boas no site. No mesmo instante em que pensamos em contratar um fotógrafo, recebemos um contato de um excelente profissional, que se ofereceu para tirar imagens boas dos candidatos que não tinham enviado fotos de qualidade. E isso, sem cobrar nada, nem deles e nem de nós. E ele ainda fazia a gentileza de ir com a sua equipe até a residência do candidato!

Isto é só uma pequena amostra, sem contar o empenho dos parceiros da equipe administrativa que, sem querer aparecerem, começaram e apoiaram o projeto, além dos shadchanim que se envolveram demais. Ou seja, foi tudo muito rápido!

Primeiro foi criado um grupo de whatsapp. Pouco depois, surgiu a ideia de criar um site, que logo teve uma procura significativa e, com breve tempo de uso, começamos a colher os frutos do trabalho. Resumindo, têm muita gente com mérito nessa história. E isso é o mais legal! Mas entendemos que o aperfeiçoamento deve ser uma busca constante e ainda há bastante o que fazer e melhorar!

Falando nisso, como o projeto Zivug pode ser aperfeiçoado? Há planos do site virar um aplicativo de relacionamento?

Temos várias ideias para isso. Melhorar o site e criar versões em espanhol e inglês, expandindo o Zivug para outros países latino-americanos, ou, então, que tenham alguma afinidade com o Brasil. Usar mais as redes sociais, facilitar o acesso, criar um aplicativo e um sistema de algoritmo com o uso de ferramentas modernas da tecnologia. Apesar de ser de forma tímida ainda, o projeto já obteve, naturalmente, inscritos do exterior, o que nos mostra que podemos ser úteis também para quem mora fora.

Enfim, temos muitos planos para o futuro. Tudo com o grande objetivo de prestar um serviço melhor a todos os pretendentes a formarem um casal.

Quais dicas o senhor pode dar àqueles que estão procurando shiduch?

Ter confiança em D’us e, ao mesmo tempo, fazer sua parte e ter iniciativa e coragem de buscar corretamente, sem esperar que caia de mão beijada dos Céus.

Explique, por favor, qual o conceito e a importância de Taharat Hamishpachá para a felicidade no casamento?

Este é um assunto de suma importância, mas que não dá para ser abordado em poucas palavras. Graças a D’us há muita literatura e pessoas especializadas no assunto, que podem orientar a respeito disso, de maneira mais pessoal.

Quais são suas dicas para alcançar um lar saudável?

Ser parceiro. No Judaísmo isto se aplica não só entre marido e mulher, mas também entre o casal e D’us. Quando este trio está afinado entre si, há harmonia e sucesso. E onde há paz, tem bênçãos!

Como um casal deve lidar com a possível infertilidade de uma das partes?

Essa é uma questão delicada, que precisa de muito apoio entre as partes e de suporte profissional, seja de especialistas em fertilidade ou de terapeutas. Graças a D’us hoje existem vários tratamentos disponíveis para situações que antes pareciam insolúveis.

Quantos casais o senhor acredita ter formado através das suas apresentações?

Fazer apresentações nunca foi minha ocupação principal. Há mais de 30 anos trabalho como rabino de uma comunidade e esta função toma boa parte do meu tempo. Mas, apesar de atualmente a maior parte do meu dia ser dedicada ao Zivug, meu trabalho neste projeto está mais focado em coordenar para que os envolvidos recebam o devido suporte e tenham as ferramentas para que os resultados aconteçam. Entretanto, logicamente, quando posso, faço alguns shiduchim.

Pode revelar quantas pessoas já estão cadastradas no site? Haveria uma meta, algum número, a ser atingido?

Até agora, graças a D’us, já contabilizamos mais de 500 inscrições de homens e mulheres. Mas o principal não é só a quantidade de inscritos, mas o quanto isto está sendo útil para a formação de casais. Com certeza, o número de pretendentes importa, pois quanto mais gente, maior a probabilidade de combinar perfis compatíveis e, em razão disso, além de apresentar pessoas, nós procuramos incentivar o cadastramento de novos usuários para aumentar o banco de dados.

Sobre a segunda pergunta, a respeito de alguma meta, o Talmud já nos diz que “quem tem cem, quer duzentos, etc”. Então, se temos agora quinhentos, nosso objetivo atual é chegar aos mil cadastrados e assim por diante.

Quais os estados que têm mais pessoas inscritas no projeto? E de outros países? Temos inscritos de todos os estados e cidades onde há uma comunidade judaica. O número de candidatos é, de certo modo, proporcional ao tamanho da comunidade em cada local. Certamente que o envolvimento do rabino ou ativista comunitário reflete também no número de inscrições.

Além disso, temos vários pretendentes de shiduch de Israel, Europa e América Latina também.

Qual a importância dos shadchanim para este projeto? Quantos fazem parte hoje? Existe alguma meta de aumento desse número?

Os shadchanim (responsáveis pelas apresentações do futuro casal) são o motor do projeto. É digno de louvor o envolvimento deles e a Ahavat Israel (amor ao próximo) que eles têm em ajudar as pessoas que buscam um (a) companheiro (a). Hoje são cerca de trinta pessoas envolvidas diretamente e que dedicam, voluntariamente, dezenas de horas do seu precioso tempo para ajudar nesta tarefa, que certamente podemos falar que é sagrada. Todos aqueles comprometidos em ajudar e que levam jeito para a coisa podem colaborar. Nosso trabalho é fornecer as ferramentas para isso.

O slogan do Zivug, “parceria para a vida”, teve inspiração no que?

O relacionamento entre um casal tem que ter as premissas de um (a) se tornar parceiro (a) do (a) outro (a) e de que a união irá valer para toda a vida. A missão do projeto é proporcionar que isto se torne uma realidade.

Qual é a importância de um casamento judaico?

Como descrevi no nosso site, ele é tão importante, que através dele, D’us perdoa e anula todas as falhas passadas, fazendo com que ambos, marido e mulher, comecem uma vida a dois com a ‘ficha’ totalmente limpa. Além disso, o primeiro casal foi apresentado e formado pelo próprio Criador e o Talmud nos relata que esta tarefa de formar casais é a que o Todo Poderoso se ocupa após ter criado o universo.

Fale, por favor, sobre o trabalho voluntário que é feito dentro desse projeto.

Isso é algo fantástico! É impressionante como nossa coletividade está engajada e quer colaborar dentro daquilo que é possível oferecer!

Para o judaísmo, o que é o amor?

Amor é aquilo que você sente quando encontra a pessoa certa? É um sentimento que você desperta? Já está dentro de uma pessoa e não necessariamente na outra?

Essa é uma pergunta muito filosófica e abrangente. Porém, na prática, é muito mais simples do que parece.

No geral, as pessoas acreditam que amor é uma sensação. Algo que pode estar baseado em atração física, emocional, empatia, que surge magicamente, espontaneamente.

Mas se fosse isso, esse sentimento poderia desaparecer, com a mesma facilidade que surgiu.

Acabou a atração, desapareceu o amor. Não há empatia no que se viu ou ouviu, o amor não está mais ali.

Infelizmente essa definição equivocada do amor, mostra como muitos relacionamentos são descartáveis.

Então, o que é o verdadeiro amor?

Podemos dizer que o amor sólido, construído ao longo dos anos, está ligado diretamente ao conceito de bondade.

Se você consegue identificar as qualidades de uma pessoa, mais do que seus defeitos, ou seja, se você a enxerga “com bons olhos” e julga suas ações para o bem, certamente você amará essa pessoa.

Ou seja, a bondade é verdadeiramente um alicerce para o amor.

Alguns dos sinônimos para bondade: altruísmo, benevolência, amabilidade.

Embora a maioria das pessoas acredite que o amor leva a doar, a verdade é exatamente o oposto: doar leva ao amor.

Quando, de fato, estamos empenhados em dar e não receber, percebemos que somos realmente capazes de amar.

Quanto mais você dá, mais você ama. É por isso que no geral os pais amam os filhos mais do que eles os amam.

Em contrapartida, quando sentimos que somos amados, existe a tendência de ter este sentimento dentro de nós.

Como isso funciona? Há uma percepção extra-sensorial no coração que consegue ler os sentimentos no coração de outra pessoa?

Nossos corações captam pistas em nossos sentidos

Tudo o que vemos, ouvimos, provamos, tocamos ou cheiramos, na realidade, nos ensina sobre o nosso universo.

Nossos órgãos sensoriais enviam mensagens ao nosso cérebro; ele interpreta os dados e envia um “relatório” ao nosso coração.

Como está escrito e explicam nossos sábios, há um “efeito espelho”.

Assim como na água límpida, o rosto é refletido, e há um efeito espelho, também no coração, essa questão se aplica de pessoa para pessoa.

Existe um princípio básico, natural e espontâneo do ser humano. Uma lei de reciprocidade em termos de sentimento. Aquilo que expressamos é aquilo que receberemos de volta.

Isso deve ser interpretado como um fenômeno instintivo e automático.

Quando alguém se coloca diante do espelho é automático que haja o reflexo.

Assim, quando o coração de um indivíduo, ama outro individuo devotadamente, então esse amor desperta o amor no coração do seu próximo também.

Isso transborda naturalmente e cria uma reação de reciprocidade: o resultado é que os dois se amam e são devotados mutuamente.

Existe esse efeito bumerangue que tem muito a nos ensinar em todas as áreas da vida, em termos de relacionamento humano: na união conjugal, ou entre pais e filhos, ou nas relações sociais e comerciais.

Aquilo que você manda e expressa é aquilo que o outro lhe devolve. Isto ocorre mesmo sem manifestar, expressar e declarar este amor.

E, assim mesmo, o outro sente a necessidade de retribuir-lhe. E isso é revelado pelas ações práticas!

Se observamos um sorriso amoroso, escutamos palavras de carinho, nosso intelecto processa isso e conclui: “estou mesmo sendo amado”.

Em resumo, quando isso ocorre, existem provas palpáveis.

Não se trata de um pensamento ou sentimento abstrato, ele é concreto e evidenciado. Simplesmente, quando somos tratados com amor, não somente nosso coração sente isso, mas também nosso intelecto.

Como saber se amamos alguém?

Casal em sua cerimônia de casamento: como saber se amamos alguém?

Simplesmente, a resposta é direta. Quando sentimos a necessidade de ter um comportamos amoroso com alguém, significa que, sim, amamos essa pessoa.

A palavra em hebraico para amor é “ahavá”. Ela nos mostra essa verdadeira definição de amor, já que ahavá é edificada sobre consoantes de raiz que significam “dar”.

Para que o amor seja verdadeiro, ele deve ser categórico, com uma ação ligada ao conceito de bondade.

Se você ama, então deve demonstrar isso.

Da mesma maneira, se você é amado, isso será claramente evidenciado, reconhecido, pelo modo como você é tratado.

D’us nos ensina como amar

Como está escrito na declaração do Shemá, que recitamos todos os dias, D’us nos ordena: “e você amará o Senhor teu D’us”.

Este preceito nos leva a fazer a velha pergunta: “Como podemos ser comandados e ter um sentimento?” Ou você sente ou não, correto?

Uma resposta que é oferecida pela nossa tradição, afirma que não estamos sendo ordenados a interiorizar um sentimento no sentido abstrato.

Ao contrário, o comando Divino é para interagirmos com amor!

Assim sendo, a frase “e você deve amar”, na verdade, significa: “vocês devem realizar atos de amor”.

Este é o verdadeiro teste: ação, feitos e desempenho.

Os sentimentos, em diversas ocasiões, podem ser ilusórios. Às vezes, o que percebemos como amor pode, de fato, ser outra emoção, outro sentimento, na verdade.

Contudo, as ações não devem ser confundidas.

Desta forma, ao invés de perguntar, “O que é o amor?”, temos que questionar, “realizo atos de amor por meu amado?” E, ainda: “o meu amado faz atos de amor por mim?”

Casamento judaico se inicia com a Ketubá 

O casamento judaico se inicia com a assinatura da Ketubá (documento legal do casamento). Nela, o noivo promete ser um marido bom e fiel.

O primeiro parágrafo logo traz a declaração de que o cônjuge se compromete com sua nova esposa, dizendo: “Eu trabalharei para você, a respeitarei e a sustentarei.”

Uma palavra essencial que pode parecer que está faltando neste importante documento é o “amor”.

Muitos poderiam dizer que um matrimônio bem-sucedido é aquele onde marido e mulher se amam profundamente.

Amor é o que os une e cria laços profundos e harmoniosos.

Sendo assim, por que esse fundamental conceito não é citado diretamente no documento?

Para que um relacionamento se desenvolva e evolua, temos que aprender a respeitar, valorizar e manter a individualidade da outra pessoa, que pensa de modo diferenciado, sente de forma divergente, e vê o mundo de uma forma diferente da nossa.

Amor deve ser baseado em alicerces de profundo respeito 

Lamentavelmente, não é incomum ver relacionamentos que se iniciam com um intenso romance e logo se “decompõe” de modo rápido, assim que uma pessoa repara que o outro não é o ser humano perfeito, como ela idealizava inicialmente.

Para o amor ser correto, verdadeiro, e ter longa duração, deve ser baseado em alicerces de profundo respeito e expresso através de atos.

Apenas quando respeitamos de forma genuína a individualidade da outra pessoa, é que podemos realmente amá-la.

A Ketubá nada mais é do que o alicerce do casamento. “Eu trabalharei para você, a respeitarei e a sustentarei.”, nada mais são do que a essência do amor que está em demonstrar, através das ações e o respeito.

A meta dessa união é o amor e a conexão.

Para que o verdadeiro amor seja alcançado, o respeito e as ações têm que vir em primeiro lugar.

Quando a base é construída com respeito mútuo, saudável, lembrando o efeito espelho em demonstrar e expressar o sentimento, então o amor torna-se sólido e com grande possibilidade de tornar-se duradouro.

Os costumes do casamento judaico

É chegada a hora de um dia tão sonhado! Pela noiva, pelo noivo, familiares, amigos. São tantas pessoas envolvidas!

Porém para o judaísmo, além de um dia de festa e muita alegria, esse é um dia voltado à santidade e a conexão com D-us.

Os noivos jejuam por longas horas, dedicam-se às orações, à leitura do livro de Salmos (Tehilim), praticam neste dia atos de bondade, como a tsedaká e fazem uma intensa reflexão espiritual.

Diz a nossa tradição que esse dia é tão importante que o novo casal é perdoado de forma total e absoluta por D´us, por todas as transgressões que foram cometidas anteriormente, sendo considerado um Yom Kipur particular para ambos.

Assim, neste dia, noivo e noiva entram na chupá (pálio nupcial) com alto nível de pureza, para que recomecem a vida conjunta como uma unidade.

Diversos costumes são realizados neste dia tão elevado e um deles é o mergulho na micvê, o banho ritual de corpo e alma.

Antes da sua tão sonhada cerimônia, a noiva tem que imergir nas águas do micvê para que realize de forma plena sua purificação e ascensão de nível espiritual.

Da mesma forma, também para o homem, é recomendável que ele vá ao micvê e se santifique.

A imersão do futuro casal na micvê tem o poder de elevar um ato físico, conectando-o com a santidade Divina.

Como consequência, isso atrai para o marido e a mulher as bênçãos Divinas de paz e harmonia, alicerces fundamentais para um matrimônio bem-sucedido.

Além disso, é costume que os noivos estudem de forma detalhada as leis de pureza familiar com orientadores que dominem totalmente o assunto.

O jejum no dia do casamento, o kítel e o talit

Conforme já foi dito, uma tradição antiga aponta que noiva e noivo devem jejuar no dia de seu casamento. Isso deve ter início a partir do nascer do sol até acabar a cerimônia, realizada em uma chupá, ao ar livre.

O desjejum é feito a sós pelo casal após a cerimônia, em uma sala reservada, onde eles devem ter total privacidade.

Antes da chupá, e durante toda a cerimônia, o noivo deve usar um kítel branco, traje normalmente utilizado em Yom Kipur, sob seu terno.

O kítel lembra uma mortalha e mesmo em um dia tão sonhado e iluminado, o noivo também tem que ter em mente que ele é um mortal, mesmo que esteja em um estado de grande felicidade.

Abordar o dia da morte representa para o casal que o seu matrimônio deve durar até o final de suas vidas.

Outra razão para se vestir o kítel branco é para mostrar a pureza do casal, pelo fato de estarem recebendo o benefício de ficarem com a “ficha” totalmente limpa de seus deslizes do passado para começarem a vida a dois completamente zerados de amarras.

Outro costume muito tradicional é que a noiva presenteie seu futuro marido com um talit. E que ele dê a ela um bonito par de castiçais.

Vestido da noiva, contrato de noivado e de casamento

Noiva durante cerimônia; preparação para o sonhado dia: costume é usar vestido claro

Nossa história afirma que o Santíssimo, Ele mesmo, foi responsável por enfeitar Eva (Chava), a primeira mulher da história, para a sua cerimônia com Adão (Adam).

Por este motivo, a noiva se prepara o dia inteiro e se enfeita para o tão sonhado e planejado dia.

É costume que ela vista um vestido com cor clara, já que isso é um indício de pureza.

Faz parte da nossa tradição, que, antes da cerimônia do casamento, os contratos, colocados em um texto padrão, são elaborados em documento escrito, que é assinado por duas testemunhas e, claro, aceitos pelos noivos.

As testemunhas têm que ser homens adultos, cumpridores de mitsvot, sem serem parentes dos noivos e nem também entre si.

O primeiro contrato, o do noivado, pode ser realizado com antecedência, mas há uma praxe de celebrá-lo antes da chupá.

Ele é lido e assinado na “Cabalat Panim” (Saudação aos Noivos e aos Convidados), antes de ser feita a cerimônia de casamento.

Depois de realizada a leitura do documento, as mães dos noivos quebram, em ato simbólico, um prato de porcelana.

Este gesto é feito para mostrar que, assim como a porcelana não pode ser remontada com perfeição, as partes envolvidas no contrato de noivado têm que cuidar de não dar para trás e quebrá-lo.

Um contrato de matrimônio detalha as obrigações do marido com sua esposa, como sustentá-la com casa, alimento e roupa, fora os seus direitos conjugais.

A assinatura da Ketubá, o contrato judaico de casamento, é a prova real de que os noivos não vêem o casamento somente como uma união física e emocional, mas também como uma obrigação legal e moral.

Assim como no noivado, dois homens, cumpridores das mitsvot, servem de testemunhas na assinatura da Ketubá, proporcionando que tudo seja realizado conforme a prática tradicional judaica.

Cabalat Panim: a cerimônia de saudação aos noivos; a recepção da noiva e do noivo 

A Cabalat Panim é onde começa a celebração do casamento judaico. Trata-se de uma recepção onde o noivo e a noiva são cortejados por familiares e amigos.

Ambos ficam em lugares distintos e as recepções acontecem separadamente, pois o novo casal formado não pode se ver desde uma semana antes do casamento.

Do mesmo mododiz o mandamento que se deve honrar e louvar a noiva, oferecer tudo o que ela precisa e, essencialmente, alegrá-la nesta importante data.

O Talmud determina que seja disponibilizado um “trono de noiva”. Ela, nesse dia, é chamada de rainha e o noivo, de rei.

Em algumas comunidades, o noivo costuma declamar um Maamar (discurso chassídico de Torá) sobre o significado espiritual do casamento.

Com isto, ele demonstra que, mesmo no momento mais feliz e mais marcante da sua vida, não esquece de D’us e da Torá.

Finalmente, a última fase de preparação ao casamento ocorre quando o noivo, junto com seus pais e alguns dos convidados, dirige-se ao local onde a noiva está recebendo os participantes.

Lá, ele coloca o véu sobre a cabeça dela, que, neste momento, está ladeada pelas duas mães.

Neste instante, é costume os pais abençoarem a noiva, colocando suas mãos por cima da sua cabeça, e proferindo a bênção: “Que D’us te faça como as Matriarcas Sara, Rivca, Rachel e Lea”.

O gesto de se cobrir o rosto da noiva nos faz rememorar a nossa matriarca, Rivca, em seu recato, cobrindo seu rosto com um véu em seu primeiro encontro com Yitschac.

Imitando o gesto desta matriarca, a noiva espera que ela também seja merecedora das bênçãos Divinas em seu casamento.

Outro motivo pelo qual o noivo cobre o rosto da noiva é que a Presença Divina irradia do rosto da noiva neste momento, e por isto deve ser encoberto.

O casamento, as velas e o cortejo 

No seu caminho em direção a chupá, o noivo, rodeado por seus acompanhantes, faz uma parada rápida em um local onde irá vestir o kítel, e todos prosseguem até a chupá, seguido pela noiva, que estará acompanhada pelas duas mães e pelas mulheres que estão no casamento.

Os pais que acompanham tanto o noivo, como também a noiva até a chupá seguram velas acesas.
Assim como na entrega da Torá, D’us foi acompanhado pelas duas Tábuas da Lei e por anjos, os noivos são rodeados por seus pais.

Os acompanhantes que levam as velas ficavam à direita e à esquerda dos noivos.

As velas representam, entre outros símbolos, as almas dos entes queridos que partiram e que se unem ao casal nesta noite.

Na sequência, o noivo chega primeiro à chupá: o motivo disso é que um casamento só pode ser alinhado totalmente com o consentimento da mulher.

Por isto, ela vai à chupá para o noivo, ressaltando que deseja firmemente este casamento.

Diz a tradição, que os noivos não devem levar nada nos bolsos, muito menos usem joias durante a cerimônia da chupá.

Isso ocorre para mostrar que cada um é aceito pelo outro por aquilo que é e não por conta das suas riquezas.

Da mesma forma, de modo semelhante, pode-se comparar o noivo ao Sumo Sacerdote, em Yom Kipur.

No Templo, o Cohen Gadol vestia uma roupa branca simples, sem bolsos.

Da mesma maneira que os levitas conduziam os serviços religiosos no Templo com instrumentos musicais, de forma parecida, os noivos têm a importante companhia da música em sua chupá.

Cerimônia a céu aberto: a chupá 

Chupa em cerimônia de casamento: oficialização do matrimônio tem que ser feita a céu aberto

A oficialização do matrimônio tem que ser feita, de preferência, a céu aberto, recordando a bênção Divina para que a semente de Avraham fosse igualmente numerosa como as estrelas.

A chupá nos traz a mesma representação de uma casa, onde, brevemente, o novo casal irá determinar a sua união.

Da mesma forma, a chupá significa a vontade de se possuir um lar aberto a todos e acolhedor, tal qual Avraham Avinu fazia com sua casa no deserto.

Igualmente, a chupá ao “abraçar” os noivos simboliza a bênção Divina em resposta a busca de ambos.

Certamente, esta brachá irá auxiliar na consolidação dos seus desejos, de obter um lar baseado sobre a fundação da Torá e de mitsvot.

Ter uma chupá acima da cabeça dos noivos significa que ambas as almas estavam inicialmente interligadas e unidas. O seu encontro, a sua união, o casamento dá forma realmente a reunificação dessas almas.

Também, a chupá nos remete a revelação no Monte Sinai, onde Am Israel foi consagrado a D’us, quando foi erguida a montanha acima de suas cabeças, assim como ocorre com uma chupá.

Ela simboliza ainda o conceito da harmonia conjugal, que pode ser atingida somente com amor e respeito mútuo.

O respeito e, da mesma forma, a consideração nos mínimos detalhes são indicadores de um relacionamento onde realmente prevalece o afeto, tornando-o absolutamente saudável.

As sete voltas no noivo

Assim que chegam na chupá, a noiva e os pais circundam o noivo sete vezes.

Trata-se de um costume de origem cabalística, propagado entre as comunidades judaicas ashkenazitas.

As sete voltas fazem alusão aos sete dias da Criação.

Contudo, há outros significados das sete voltas.

Rememora as sete expressões de noivado entre D’us, o noivo, e Israel, a noiva.

Relembra, ainda, as sete vezes que enrolamos as tiras dos tefilin no braço do homem.

Do mesmo modo que o homem se liga em amor a D’us, igualmente, ele é “amarrado” com sua esposa.

Ao terminar este ritual, a futura esposa permanece ao lado direito do marido, em uma prova de que vai estar sempre junto dele para enfrentar qualquer situação e oferecer todo o tipo de ajuda.

Uma vez que o casamento é uma mitsvá, preceito Divino, uma bênção é realizada antes que a cerimônia seja oficializada, em agradecimento pela santificação de D’us a essa união.

O matrimônio judaico torna-se sagrado por todo o significado que cerca a cerimônia em todos os detalhes, por meio de “kedushá”, consagração, e todas as bases que irão constituir o novo lar e o relacionamento do casal.

Colocação da aliança: o ato central da união
Noivo coloca aliança no dedo de futura esposa: ato simboliza a união entre o casal

O momento em que o noivo coloca a aliança no dedo da sua futura esposa simboliza um dos atos mais importantes do casamento.

Neste instante, o casal, conforme, as leis judaicas, é considerado casado.

A aliança representa o elo em uma corrente. Do mesmo modo, um círculo sem fim, que simboliza o ciclo da vida.

O simples ato de dar o anel também significa a transferência de poder e de autoridade.

O marido, de modo simbólico, outorga à sua esposa a soberania sobre sua casa e tudo o que está dentro dela.

A partir deste momento, todo o conjunto na vida do casal será repartido, com o anel que foi concedido na cerimônia de casamento simbolizando a proteção que o marido fornece à sua esposa: assim como o anel envolve o dedo, também a proteção irá envolver sua mulher.

O anel também tem o significado de confiança, lealdade que englobará o casal pelo resto de suas vidas e um círculo inquebrável e ilimitado entre marido e mulher. A tradição é que a aliança seja redonda, de ouro sólido, simples e totalmente lisa.

O anel não deve conter pedras preciosas, nenhum desenho ou gravação, nem mesmo por dentro.

O anel tem que ser colocado no dedo indicador da mão mais forte da esposa.

Antes de fazer esse gesto, o noivo diz o esta frase:

“Com este anel, tu és consagrada a mim, conforme a lei de Moshe e de Israel”.

Na sequência, são as testemunhas que falam: “Está casada”.

A ketubá é lida logo em seguida, em voz alta, para todos escutarem e logo depois são recitadas as Sheva Brachot (Sete Bênçãos) ao novo casal.

O noivo quebra o copo 

A cerimônia de matrimônio se encerra com o noivo quebrando o copo de vidro.

Com este gesto, todos são lembrados que, mesmo no dia de nossa maior alegria, nós nos recordamos da destruição do Templo Sagrado de Jerusalém e desejamos a sua reconstrução.

Esse ato também nos rememora sobre as primeiras Tábuas da Lei, que foram quebradas por Moshe depois da união celebrada entre D’us e Am Israel.

Da mesma maneira, ao quebrar o copo, o noivo (chatan), nos lembra que somos simples mortais e que temos a obrigação de nos casarmos e nos multiplicarmos.

E, ainda, que com o nosso sincero arrependimento, somos perdoados.

Depois da quebra do copo, é encerrado o clima solene da cerimônia e substituído por danças, alegria e muita música.

Cabe aos convidados a tarefa de alegrar os noivos, dando, de forma expressa, apoio ao casal que acabou de se formar.

Por que se casar?

Você já se perguntou por que as pessoas decidem se casar? Afinal, casamento não é nenhuma brincadeira!

Com ele, vem a responsabilidade de prover sustento, educar filhos, dedicar-se ao cônjuge… São muitas obrigações e desafios. Qual é a força de atração que supera todos os empecilhos?

Alguns podem dizer que as pessoas se casam para formar uma família; outros atribuem a decisão ao fato de o casal estar apaixonado ou ao medo que as pessoas têm de ficar sozinhas, entre muitas outras razões.

Mas, para o judaísmo, o verdadeiro propósito e função do casamento é ser uma instituição Divina. O casamento foi ideia de D’us!

A reunião de duas metades

Homem e mulher conversam durante encontro: casamento é fruto de uma ligação muito profunda

O Talmud e a Cabalá nos ensinam que o casamento não é meramente uma união entre dois indivíduos totalmente diferentes. É a reunião de duas metades da mesma unidade.

A alma, ao descer a este mundo, é dividida em duas partes: uma fica com o homem e a outra com a mulher.

No período do nascimento ao casamento, as duas partes vivem em casas separadas e, muitas vezes, em sociedades e países diferentes. No momento predestinado, elas se encontram.

No casamento, as duas finalmente se juntam – e elas estão completas pela primeira vez! O trabalho do casal é fazer com que se encaixem perfeitamente.

Homem e mulher tornam-se um!

Se um indivíduo fosse totalmente independente, sem nenhuma companhia, permaneceria para sempre sem desafios, nem potencial para crescimento.

Nem o homem nem a mulher conseguiriam transcender a individualidade com a qual nasceram.

Portanto, D’us os criou como um e os fundiu em dois. Dois que podem se juntar para se tornar um.

Dessa forma, homem e mulher são atraídos um para o outro, porque, individualmente, somos incompletos. Estamos procurando a nossa outra metade, buscando nos unir com D’us.

Duas conexões entre o homem e a mulher

Existem duas conexões entre um homem e uma mulher casados.

A primeira diz respeito a uma ligação material, pela qual são ligados todos os casais do mundo. Viver sob o mesmo teto, compartilhar tarefas e vida conjugal.

Nesse aspecto, sempre haverá duas unidades, ou seja, dois corpos separados, com pensamentos particulares e emoções peculiares.

Mesmo em um casamento muito harmonioso, será sempre possível reconhecer que, apesar de inseparáveis, existem ali dois indivíduos.

Porém, o casamento é fruto de uma ligação muito mais profunda e essencial. Debaixo da chupá, o pálio nupcial, duas metades se fundem em uma só alma.

No campo espiritual, não se reconhece que existem ali duas pessoas separadas. O casamento não é uma sociedade entre o homem e a mulher. É a união de duas metades da mesma alma.

Não estamos falando de uma união apenas no nível físico, emocional ou intelectual. Estamos falando de uma união no nível mais essencial do ser.

A consciência dessa ligação interna no casamento é o melhor caminho para assegurar uma vida de paz e serenidade no lar.

Uma ligação apenas material dá abertura a cálculos pessoais, referentes às expectativas e aos desejos de cada lado.

Porém, ao ter em mente que meu cônjuge é metade de minha alma, é impossível chegar a pensar em uma vida individual. Ninguém abriria mão de uma parte de seu corpo, não é mesmo?

Alegria para a alma e para o corpo 

Se o casamento é algo tão espiritual e profundo, por que, então, ele é comemorado com tanta dança e música?

Existe até mesmo uma mitsvá especial de alegrar o noivo e a noiva dessa forma, e nesse dia também é servida uma refeição festiva.

Não seriam essas formas muito mundanas para a celebração de algo tão transcendental?

A resposta é sim. São formas mundanas, e é justamente por isso que as utilizamos. Neste mundo, a espiritualidade não deve ser desconectada de materialidade.

Tanto que a união sublime das almas somente ocorre quando o noivo põe o anel no dedo da noiva sob a chupá.

Não é somente a alma que deve estar alegre por ter se completado para o resto da vida. O corpo também participa dessa alegria. E, para alegrar o corpo, celebramos com muita música, dança e alimentos saborosos.

Alicerce do judaísmo

Homem coloca aliança no dedo da sua futura esposa: casamento é um dos alicerces do judaísmo

O casamento é um dos alicerces do judaísmo. Não se trata apenas da união de duas pessoas. Ele representa a continuidade do povo judeu.

Ao se casar, homem e mulher não estão apenas se unindo um ao outro, mas estão unindo o passado, o presente e o futuro.

E o casamento só será fortalecido por meio do entendimento entre ambos, exercitando o companheirismo, o respeito e a amizade, e cumprindo as leis de purificação ritual entre o casal.

Amor e respeito devem ser nutridos diariamente, com o reconhecimento dos desejos e das necessidades do cônjuge. Isso permite que você pense sobre o espaço do outro como tão sagrado quanto o seu.

Esses são os verdadeiros valores que consagram um casamento judaico.

Como lidar com o sexo oposto

Muitas pessoas perseguem o amor impecável, sem defeitos, aquele igualzinho ao dos contos de fadas.

Mas sabemos bem que os contos de fadas estão apenas em livros, filmes e outras obras de ficção. No mundo real, o amor precisa vir seguido de outras palavras: esforço e dedicação!

Sem esforço, até o amor mais ardente não pode sobreviver.

Por isso, é fundamental se esforçar para aprender como lidar com o sexo oposto.

Com dedicação, paciência e amor, homem e mulher conseguem crescer, aprofundar o relacionamento e conquistar a harmonia conjugal.

A tarefa não é simples, mas D’us nos fornece as ferramentas para nos aperfeiçoar e alcançar o tão sonhado shalom bait (harmonia no lar)! Cabe a nós reconhecê-las e usá-las de maneira positiva.

Como agir antes do casamento

O homem e a mulher que estão à procura do seu zivug precisam estar atentos a um ponto essencial: procure enxergar o coração do outro.

Se a pessoa tiver um bom coração, tudo dará certo. Mas, se não tiver, todas as suas qualidades acabarão se revelando como desvantagens.

Há outras questões significativas a serem consideradas, mas vamos destacar duas.

Não julgue a pessoa no primeiro encontro 

O nervosismo pode mascarar as verdadeiras qualidades da pessoa. Deixe que a personalidade do outro desabroche.

A menos que o primeiro encontro seja uma experiência realmente desagradável, saia uma segunda vez. Pode ser que somente no quarto encontro você consiga ver a pessoa como realmente ela é.

Nunca se case com a intenção de mudar ninguém

Você não pode casar pelo potencial. A sua maneira de ser deve combinar com a pessoa que você está saindo.

Assegure-se de que a pessoa é alguém que você gosta “da maneira que é”.

É claro que ambos mudarão e crescerão com o tempo, mas o desejo de crescer precisa vir de dentro de cada pessoa. Não se pode mudar o outro. Você pode apenas mudar a si mesmo.

E depois do casamento?

Com a ajuda de D’us, você finalmente encontrou o seu zivug! Que alegria!

Mas lembre-se que o trabalho não termina com o casamento. Muito pelo contrário! Ele está apenas começando e precisa ser contínuo.

É fundamental cuidar diariamente do relacionamento, nutri-lo e desenvolvê-lo, de forma que atravesse com vigor cada fase da vida em comum.

Amor e senso de respeito

Trate o outro com amor e tenha sempre um senso de respeito: o respeito que cada cônjuge sente pelo outro, e a reverência que marido e mulher sentem por D’us.

Aceitação e gratidão

Exercite a aceitação, a compaixão, o perdão e o apreço.

É claro que você deve trabalhar em direção a uma mudança positiva, mas você também precisa saber quando deve ignorar ou dar menor importância para questões irrelevantes. Deixe de lado o seu desejo de controlar, dominar ou vencer uma discussão.

Confiança 

Confiança: palavra-chave no relacionamento de um casal

Conquiste a confiança do outro. Para isso, você não precisa ser perfeito.

A confiança vem da responsabilidade. Confiança significa que sua atitude e conduta no decorrer do tempo têm demonstrado que seu cônjuge pode depender de você, que você tem a integridade de agir corretamente mesmo quando ninguém, além de D’us, está vendo.

Quando a confiança é construída, serve como um alicerce sólido que vai apoiar um casamento durante as crises.

Dedique tempo ao outro

Quanto tempo você investe em seu relacionamento? Não se trata apenas de quanto tempo se passa com o cônjuge, mas da qualidade desse tempo.

Quando marido e mulher passam um tempo com o outro, eles têm que estar presentes, não apenas fisicamente, mas também espiritualmente.

E, se escolhermos nossos piores momentos para estar ao lado de nosso cônjuge, como quando estamos cansados, aborrecidos ou preocupados, esse relacionamento não florescerá.

Seja generoso

A generosidade é o maior mandamento da Torá, aplicável a todos e, mais ainda, à nossa família.

Se alguém tem um relacionamento comercial de valor, como um grande cliente, é claro que fará o impossível para preservá-lo, certo?

Pois saiba que nosso cliente mais importante, nosso maior investidor é nosso cônjuge. É ele quem merece nossa maior atenção e respeito.

Cuidado com as críticas 

Se for necessário fazer uma crítica ao seu cônjuge, faça isso de maneira carinhosa e respeitosa, e sempre de forma privada, nunca na frente de outras pessoas.

E lembre-se de mencionar as boas qualidades do outro. Uma crítica deve ser acompanhada por, no mínimo, quatro elogios.

O casamento é um tesouro valioso, necessário, saudável e bom para todos os envolvidos.

Invista tudo o que estiver ao seu alcance. Dessa forma, com a ajuda de D’us, você garantirá para si um relacionamento duradouro e harmonioso.

Razão e sentimento: a influência de cada um na busca do seu zivug

Nós, seres humanos, somos uma mistura de emoções e pensamentos. Mas qual deve ser a influência da razão e do sentimento na busca do zivug? Será que você deve se deixar guiar pelo intelecto ou apenas pelas sensações que a pessoa desperta em você?

Uma das chaves para o sucesso encontra-se no equilíbrio inteligente entre razão e emoção.

É claro que você deve considerar as suas emoções, mas a razão precisa ser a mediadora da intuição e dos sentimentos. Com a razão, você terá capacidade de ponderar os pontos positivos e negativos, reduzindo consideravelmente o risco na busca pela sua alma gêmea.

Que risco? O risco da decisão impulsiva e irracional, que pode resultar em uma escolha equivocada, D’us não permita.

Química x caráter 

É verdade que a química acende o fogo, mas saiba que o bom caráter é que o mantém aceso.

Muitos falam: “Estou apaixonado!”. Tenha cuidado. O “estar apaixonado” frequentemente significa “sinto atração física”.

E a atração física não deve ser confundida com amor verdadeiro. Este vem de uma visão compartilhada do mundo, valores comuns e o compromisso de formarem juntos uma família.

Em vez de focar na atração, pare e pense: você averiguou cuidadosamente o caráter dessa pessoa?

Há quatro traços de personalidade que precisam ser testados:

Humildade: essa pessoa acredita que “fazer a coisa certa” é mais importante do que o conforto pessoal?

Bondade: essa pessoa gosta de ajudar os outros? Como ela trata as pessoas com as quais não tem de ser agradável? Ela faz algum trabalho voluntário? Faz caridade?

Responsabilidade: posso confiar que essa pessoa fará aquilo que diz que fará?

Felicidade: essa pessoa gosta de si mesma? Ela aprecia a vida? É emocionalmente estável?

Após avaliar esses pontos, também é importante você se perguntar: eu desejo ser como essa pessoa? Quero ter um filho com ela? Gostaria que meu filho se parecesse com ela?

Metas de vida em comum e prioridades 

Casal sorri ao conversar em uma escada: marido e mulher devem ter metas de vida em comum e prioridades

Existem três formas básicas de nos conectarmos com outra pessoa: química e compatibilidade; partilhar interesses em comum e ter o mesmo objetivo de vida.

Para saber se a pessoa é realmente o seu zivug, tenha a certeza de que vocês compartilham dos mesmos ideais.

Essa é a verdadeira definição de almas gêmeas: são duas pessoas que compartilham o mesmo entendimento ou propósito de vida e, portanto, possuem prioridades, valores e objetivos similares.

É lógico que nunca você vai achar um clone, alguém que pensa exatamente igual a você. Contudo, deve existir mais afinidades do que diferenças e, principalmente, interesse e esforço em equilibrar as diversidades e harmonizar o que pode causar uma zona de atrito.

Conexão emocional 

Outro ponto muito importante a ser analisado é saber se você tem ou não uma profunda conexão emocional com a pessoa com quem está se relacionando. Pergunte a si mesmo: “Respeito e admiro essa pessoa?”.

Estabelecer uma conexão emocional não significa estar impressionado por essa pessoa.

A conexão emocional é o “adesivo” que existe nos relacionamentos que enriquecem. Ela alivia as inseguranças e cria uma relação significativa.

Pense bem: será que você confia nessa pessoa? Ela é emocionalmente estável?

Se vocês realmente estiverem emocionalmente conectados, construirão uma relação forte e repleta de confiança e respeito.

Segurança emocional

É fundamental que você possa manter, integralmente, a sua personalidade quando estiver com essa pessoa. Se perto dela você se sente calmo, relaxado e em paz, é um ótimo sinal!

Por outro lado, caso sente que precisa monitorar aquilo que diz porque tem medo da reação dela, muito cuidado!

Se você tem receio de expressar abertamente seus sentimentos e opiniões, então há um problema.

Outro aspecto relacionado a sentir-se seguro é que você não sente que a outra pessoa está tentando controlá-lo.

Controlar comportamentos é sinal de uma pessoa abusiva. Esteja atento para alguém que está sempre tentando modificá-lo.

Há uma grande diferença entre “controlar” e “fazer sugestões”. Uma sugestão é feita para seu benefício, enquanto que uma declaração de controle é feita para o benefício de outra pessoa.

Desenvolva o amor

Não existe príncipe encantado ou princesa, muito menos “e viveram felizes para sempre” sem esforço.

Há milhares de anos, o nosso povo ficou “noivo” de D’us no Monte Sinai e, desde então, temos desenvolvido esse relacionamento.

Por isso, cuidado para não “se apaixonar” de olhos fechados. O objetivo é ascender no amor com total consciência do Divino potencial entre vocês.

Se você mantiver suas prioridades e objetivos em mente, com a ajuda de D’us, encontrará alguém a quem possa amar e crescer junto, assim como dar e receber amor por toda a vida!

A perspectiva judaica sobre namoro e casamento

Pode acontecer com qualquer um que esteja procurando por um relacionamento sério: com quem devo me casar? Por que se casar? Posso namorar antes de casar-se?

Essas dúvidas certamente passam pela cabeça da maioria das pessoas que estão em busca de seu zivug, sua alma gêmea.

Para todas essas perguntas, fique tranquilo! Nós podemos ajudar.

A preocupação natural da maioria dos seres humanos em se casar, em ter um companheiro para toda a vida, revela profunda ambição da alma: a vontade de se relacionar com sua outra metade.

Ou seja: cada corpo é ocupado por meia alma. Corpo e alma atingem o status de perfeição quando se conectam, definitivamente, com seu almejado zivug.

Fora isso, tem outro motivo mais tradicional e conhecido: é mitsvá não só se casar, como também construir um lar judaico, ter filhos.

Sendo assim, a gente não somente espera por nosso príncipe encantado, ou nossa rainha, nós o/a procuramos de forma ativa.

Tem idade ideal para começar a busca pelo seu zivug?

Na verdade, essa busca não tem uma idade certa. Este conceito é bem individualizado. Pode ter início aos 18 anos de idade, quando, pela lei civil, nos tornamos adultos.

Vale ressaltar o princípio de que a pessoa não deve se preocupar em demasia com eventual falta de recursos financeiros, já que D’us, sem dúvida alguma, sustenta todas as criaturas; Ele pode e irá prover o sustento e a estabilidade para mais uma família!

O mais importante é: com certeza, a pessoa com quem você irá se casar tem que ser compatível com você, com sua personalidade e necessidades específicas.

A perspectiva judaica sobre casamento

Judeus se casam entre si, seja judeu com judia de nascimento ou prosélito que tenha abraçado a fé! Isto é um fato prescrito na Torá.

O matrimônio judaico é a união de duas almas, para quem é confiado a missão de dar continuidade ao extenso elo de conexão com D’us iniciado muito tempo atrás com o patriarca Abraão e sua esposa Sara.

A decisão quanto a este assunto é fundamental para manter o compromisso com a continuidade do nosso povo ou vir a quebrar esta corrente.

Um relacionamento exige que a mente faça seu julgamento em uma área que, normalmente, pertence ao coração.

O casamento não só é uma das maiores bases do judaísmo, como também da existência humana. É ele que nos possibilita construir uma família, algo de intenso valor, pelo qual vale muito a pena lutar.

É um dos princípios mais importantes da Torá que afirma que uma mulher e um homem

têm que se casar a fim de que forme uma família, cresça e se multiplique.

Os segredos para ter um casamento feliz

Homem e mulher sorriem durante encontro em um bar: saiba os segredos para ter um casamento feliz!

Todo mundo almeja ter o seu amor, quer amar e, de volta, ser amado, sonha em encontrar seu par perfeito e viver feliz.

Porém, vivemos em uma época na qual diversos casamentos não dão certo, em que os índices de divórcio são bastante altos e em que muitas pessoas permanecem casadas, sem serem felizes.

É evidente que a maioria dos seres humano têm suas dúvidas: irei casar-me com a pessoa certa? Quais desafios terei na vida a dois?

A resposta a esta pergunta deve ser: além de sermos otimistas, sabemos que podemos com nossas ações vencer todo e qualquer tipo de obstáculo.

Um casamento feliz obviamente é definido pelo compartilhamento de emoções.

Do mesmo modo, um dos segredos de um casamento bem-sucedido é a capacidade de enxergar o companheiro com o coração, de apreciar o outro e as diversas bênçãos que a vida proporciona.

A felicidade é a capacidade de observar as coisas de maneira positiva.

É, também, minimizar o que é temporário e sem importância, e concentrar-se no que é real e eterno.

No matrimônio, um casal não se deve ater no que é transitório, que deixará de existir ou se transformará, mas sim naquilo que irá perdurar: os valores do companheirismo e amor sincero, a construção de uma família, a criação das gerações futuras.

Sua casa deve ser um porto seguro

Quem vive desacompanhado se desobriga, não precisa fornecer parte do seu tempo ao outro, não se preocupa com os demais e nem suporta seus problemas.

Contudo, viver só também quer dizer ter uma vida sem amor, companheirismo e felicidade.

Aquele que casa, mas pensa somente em si, provavelmente não terá um matrimônio feliz.

O casamento representa um compromisso, com a vida, com o passado, o presente e o futuro.

Para que essa união funcione, marido e mulher têm que desejar se doar um ao outro e saber quando renunciar às coisas em benefício do seu cônjuge.

Se a pessoa quer ter a paz em sua casa, ela deve lutar para introduzi-la. Este sentimento não entra sozinho.

O lar deve ser um refúgio de paz e não um lugar de conflitos e preocupações.

Quando alguém chega em sua casa e vê que lá não existe paz, cabe a ele ser a fonte de mudança.

O lar deve ser um local de aconchego, um porto seguro, onde devem prevalecer a harmonia, a paz e o amor.

A DEFINIÇÃO JUDAICA DE AMOR

De acordo com o judaísmo, o amor é medido segundo o que estamos dispostos a fazer por outra pessoa.

Ou seja, o quanto nos dispomos a nos doar e investir no nosso companheiro.

O matrimônio significa abrir espaço dentro de si mesmo para permitir que o outro entre.

É o amor que fornece lugar para que o seu semelhante possa integrar a nossa vida.

O amor verdadeiro não é egoísta: ao contrário, ele se declara quando a pessoa esquece de si mesma e pensa no outro.

O Rebe de Lubavitch, de abençoada memória, ensinava que o amor significa não poder viver sem o seu amado.

Trata-se de uma alma completando a outra.

Na verdade, é a mesma alma, em dois corpos diferentes que se unem, oficialmente, sob um pálio nupcial.

Um homem não está completo sem uma mulher, e vice-versa.

É o nosso cônjuge que complementa a centelha Divina dentro de nós.

Casar-se significa unir-se à nossa metade, que reside em um corpo diferente.

O casamento é, simplesmente, a reconexão de duas partes que formam uma unidade.

Quando a Torá nos detalha o casamento como uma união entre um homem e uma mulher que se tornam uma só carne, está nos afirmando qual o segredo de um matrimônio feliz: somente quando homem e mulher se tornam verdadeiramente e apenas um, eles podem viver felizes!

Quando conseguimos criar uma vida atraente, todos nós queremos participar dela.

Da mesma forma, quando um lar transborda não só felicidade, mas também entusiasmo, todos os obstáculos podem ser vencidos.

Estar comprometido com o próprio casamento significa, também, ser generoso e gentil com seu parceiro.

NOSSO CLIENTE MAIS IMPORTANTE É O NOSSO CÔNJUGE

A generosidade é a maior de todas as virtudes, que deve ser aplicável a todos e, mais ainda, à nossa família.

Nosso “cliente” mais importante, nosso maior investidor, é nosso companheiro. É ele quem merece toda a atenção e o respeito possíveis.

Se as pessoas tratassem seus cônjuges como lidam com seus grandes clientes, certamente os casamentos não teriam problemas.

Todos nós merecemos um relacionamento feliz e amoroso e o matrimônio é, acima de tudo, uma aliança definitiva entre duas pessoas.

É a paixão desse compromisso que leva a uma vida feliz para sempre.

Nossos sábios ensinam que o relacionamento entre marido e mulher simboliza a relação do povo judeu com D’us.

Se o casamento se baseia em compromisso, amor e respeito, certamente levará à verdadeira felicidade do casal.

E, naturalmente, quando o casal é forte, a família é fortalecida. Quando as famílias são fortalecidas, assim também ocorre com a sociedade e o mundo, em geral.