O Rabino Pessach Kauffman desenvolve importante trabalho na comunidade judaica do Bom Retiro e de São Paulo. É o rabino responsável pela sinagoga Ahavat Raim, uma das mais antigas da cidade. Também participa do Zivug, atuando ao lado da esposa como shadchan.

Zivug – Rabino, conte sobre como é dirigir uma sinagoga no Bom Retiro, bairro muito tradicional da comunidade judaica? Quais são os seus principais desafios?

Rabino Pessach Kauffman – É uma grande honra dirigir uma das sinagogas mais antigas de São Paulo. Centenas de famílias passaram por aqui e já estamos na 4ª geração das famílias dos fundadores frequentando a nossa sinagoga e outros saudosos, mas indo a sinagogas de outros bairros.  

A Ahavat Reim tem um papel muito importante na renovação do Bom Retiro, nos últimos 14 anos. Trouxemos de volta o espírito jovem, a alegria, criamos uma comunidade muito unida e alegre.

Fomos uma das entidades responsáveis pelo projeto do Eruv do bairro, mas pela nossa história e importância na vida de tantas pessoas espalhadas pela cidade, nosso trabalho não se prende ao Bom Retiro apenas.

Realizamos a maior festa de chanuká de São Paulo, em 2017, em parceria com todas as entidades Chabad, levando shows musicais e food trucks para a Avenida Paulista. Temos projetos assistenciais, estivemos envolvidos no início do projeto responsável pela colocação de centenas de matzevot em São Paulo, além da construção de um cemitério judaico em Rolândia, no Paraná.

Distribuímos kits desinfecção para Covid-19, doados pela Farma Conde, para todas as entidades judaicas de São Paulo e agora fazemos parte do Zivug, projeto muito importante, com a soma de outras entidades e ativistas, sempre respeitando o trabalho de cada um, com a missão de levar judaísmo para todos, em qualquer lugar! Este é nosso espírito!

Sua participação recente num programa televisivo (Shark Tank) causou bastante repercussão, tanto dentro quanto fora da comunidade judaica. Qual a importância e quais valores o sr conseguiu agregar desta sua participação para o seu trabalho comunitário?

Quando um judeu ortodoxo trajando sua kipá e tsitsit, ou seja, com todo aquele estereótipo judaico, vai a um programa de televisão, é uma responsabilidade enorme. Entendo que de certa maneira estou representando a comunidade toda.

Minha missão era mostrar nossa idoneidade, inteligência, respeito e vocação para fazermos desse mundo um lugar melhor.

Com meu aplicativo fitness (Fit Anywhere), levo saúde e bem-estar para milhares de pessoas, onde quer que elas estejam, com preço justo, inovação, facilidade, respeito e resolvendo o problema da maioria das pessoas. A repercussão tem sido incrível e tenho muito orgulho do que estamos construindo, graças a D´us.

Qual a importância do Zivug? Qual é a sua opinião sobre este projeto?

Os aplicativos de encontro e paquera que existem por aí têm feito com que as pessoas saibam cada vez menos como conquistar uma pessoa. Tudo fica mais fácil, mas também mais superficial. A comunidade judaica tem se espalhado em diversos bairros e, às vezes, pode ficar difícil conhecer alguém.

Com a união de entidades e ativistas podemos construir uma ponte e conectar pessoas, facilitando a busca por sua alma gêmea, mantendo nosso povo unido conforme a Torá ordena. Acho extremamente importante o Zivug e fico muito feliz em poder fazer parte da equipe.

Quais dicas o senhor pode dar aos que estão procurando se casar?

1 – Nunca dê um passo acreditando que a pessoa vai mudar durante o relacionamento. Pode até acontecer, mas você tem que gostar da pessoa como ela é hoje!

2 – “Química” física podemos adquirir com o relacionamento. Tudo melhora quando temos sintonia espiritual e admiração pela pessoa que nos casamos. O inverso não funciona da mesma maneira! Cuidado com isso!

3 – O casamento é a união das duas almas. Portanto, se entregue, dê o seu melhor, não deixe o orgulho tomar conta de si, saiba pedir desculpas e saiba perdoar. Este conselho é básico para um relacionamento duradouro.

4 – Seja SEMPRE honesto. Não minta idade, não esconda nada. Descobrir algo depois é muito pior e poderá ser carregado para sempre.

5 – Aprenda a conversar, não tenha medo de expor seus sentimentos, saiba ser empático e se declare com frequência. Receber um “Eu te amo” pode fazer muito mais diferença do que você imagina.

6 – Crie um lar JUDAICO! Com respeito, estudo de torá, cumprimento de mitzvot, caridoso, e cumpram sempre as leis de pureza familiar! A benção da casa, a parnassá e a criação dos filhos é totalmente impactada por isso.

7 – Dê flores, abra sempre a porta para a sua esposa, pague a conta, escreva cartas, crie momentos. Algumas coisas nunca saem de moda!

Quando é o momento certo para ir atrás de um/a pretendente?

Acredito que cada um tem o seu momento e todos nós sabemos o momento certo. Devemos lembrar que todos nós somos enviados ao mundo, com nossa alma gêmea, e que não podemos perder tempo ou desperdiçar oportunidades, preocupados com quanto dinheiro temos na conta, onde vamos morar ou com qualquer outra preocupação material. Casar é uma benção incrível e traz consigo outras infinitas bençãos! “Enjoy the moment”, confie em D´us e seja muito feliz!

Na sua opinião, quais as barreiras mais comuns que dificultam as pessoas a começarem ou a desenvolveram um relacionamento?

– Muita tecnologia e pouca conversa;

– Focar no físico ou na intimidade esquecendo do espiritual;

– Apego ao materialismo;

– Buscar a pessoa nos lugares errados;

– Autossabotagem;

– Medo ou falta de fé.

Teria alguma história curiosa sobre apresentação de casais, que deram certo ou não.

Acredito que adquirimos ou nascemos com o dom de apresentar pessoas e somos abençoados por D´us quando acertamos.

Sou uma pessoa de poucos shiduchim, mas de muita assertividade. Apresentei amigos próximos, aconselhei vários outros que estavam com um relacionamento em andamento e que acabaram terminando em casamento e costumo viver muito perto, quando estou envolvido em alguma apresentação.

A história mais curiosa é que, B’H, 90% dos casos continuam muito próximos de nós, como parte da família. Chega a arrepiar escrever sobre isso!

Quais são os pontos principais que devem nortear um casamento judaico, especialmente numa era tão tecnológica e com tanta oferta de novidades?

– Espiritualidade;

– Amizade e companheirismo;

– Tenha tempo para o relacionamento / cônjuge;

– Não seja escravo das tecnologias e das redes sociais;

– Seja honesto, tenha foco no relacionamento;

– Pureza familiar, Torá, tzedaká. Faça com que D´us sinta-se à vontade em seu lar, abençoando-o.

Para o judaísmo, o amor é muito mais que um encontro de corpos e mentes: é um verdadeiro encontro de almas. No período do nascimento ao casamento, as duas partes encontram-se em casas separadas, e muitas vezes em sociedades e países diferentes. No momento certo, elas se encontram. Debaixo da chupá, as duas metades fundem-se em uma alma só. O casamento não é uma sociedade entre duas pessoas. É a união de almas de forma literal.

Qual é a sua motivação no envolvimento em tentar ajudar as pessoas a se casarem?

O casamento judaico é um compromisso com a continuidade da nossa nação. Além disso, pais judeus criando filhos judeus, com valores judaicos, é nossa maneira de fazer desse mundo um lugar melhor!

Deixe por favor alguma mensagem aos usuários do nosso site

Obrigado pela confiança em nós! Você merece encontrar alguém, ser muito feliz e conte conosco!

Zivug – Parceria para a vida
Contato
EnglishFrenchHebrewItalianPortugueseSpanish